
O Garoto de Charlot, primeira longa-metragem de Chaplin, passa na Cinemateca Júnior no sábado, 18, numa sessão para as famílias, seguida de atividades de artes plásticas inspiradas no filme
Aguce-se a curiosidade por este Salão Piolho, organizado pela Fundação Inatel, dizendo que é a oportunidade de ficar a conhecer algumas das salas destinadas à exibição cinematográfica na Lisboa do início do século XX. Entre as antigas instalações de um palácio e grandes salões de festa, o ciclo decorre em locais tão improváveis como o antigo Rocio Palace (atual Ordem dos Advogados), a Voz do Operário ou o Cinema Promotora (atual escola primária), a homenagear alguns dos lugares que tanta importância tiveram na animação cultural da cidade de então.
Com um programa todo ele feito com clássicos do cinema, a segunda edição do Salão Piolho começa esta quinta-feira, 16, às 18 horas, no átrio da estação de comboios do Cais do Sodré, com uma sessão de entrada livre, onde serão exibidas três curtas metragens de Charlie Chaplin e mais oito dos irmãos Lumière. Os filmes, mudos, serão musicados pela francesa Catherine Morisseau, compositora e pianista residente da Cinemateca Portuguesa.
O Salão Nobre da Ordem dos Advogados, no Palácio Regaleira, abre-se ao público na sexta, 17, para a segunda sessão do ciclo. A partir das 18 e 30, no número 14 do Largo de São Domingos – onde funcionou, entre 1910 e 1914, o Rocio Palace, a receber cinema, teatro e espetáculos de variedades – exibe-se M – Matou!, primeiro filme sonoro de Fritz Lang, para uns a primeira longa-metragem sobre um assassino em série (o “vampiro” de Dusseldorf), para outros um alerta da ascenção nazi (a sessão é seguida de debate).
No mesmo dia, mas no Salão de Festas da Voz do Operário, onde em 1917 já se exibia cinema, deixamo-nos levar pela imaginação com A Morte veio do Espaço, do realizador americano Ed Wood e com Bela Lugosi. Um dos “melhores” piores filmes de sempre, entre o incoerente e o bizarro, que relata a impiedosa tentativa dos extraterrestres salvarem a Humanidade, impedindo-a de construir uma bomba capaz de acabar com o Universo. A abertura de portas da Voz do Operário faz-se a partir das 21 e 15, com serviço de bar e refeições leves, e o filme passa às 22 horas.
Se o Salão Piolho pretende ser uma homenagem a antigas salas de cinema, o Salão Foz, nos Restauradores, faz obrigatoriamente parte deste roteiro, tanto mais que a sala de cinema do Palácio Foz foi o primeiro local a acolher a Cinemateca Portuguesa, em 1958. Em 2007 foi inaugurada a Cinemateca Júnior, onde no sábado, 18, às 15 e 30, se exibe a obra-prima de Charlie Chaplin, O Garoto de Charlot, numa sessão para famílias, seguida de atividades de artes plásticas inspiradas no filme.
A segunda edição do Salão Piolho termina no antigo Cinema Promotora, em Alcântara, encerrado apenas em 1989, continuando a missão da Sociedade que lhe deu origem na área da educação. Na atual escola primária passa, a partir das 21 e 45, Nosferatu, de F.W. Murnau, com Max Schreck no papel de Conde Graf Orlok, um vampiro dos Montes Cárpatos que se apaixona perdidamente por Ellen e traz o terror à região. Ambas as sessões de sábado, 18, último dia do Salão Piolho, terão acompanhamento musical ao vivo por Nuno Costa e Óscar Graça, cujo projeto Filme-Concerto tem como objetivo o reavivar de filmes fundamentais na história do cinema.

‘Nosferatu’, do alemão F.W. Murnau, é a primeira e mais célebre adaptação do romance ‘Drácula’, de Bram Stoker, processado por violação de direitos autorais. A justiça ordenou a destruição das cópias do filme, mas algumas delas permaneceram guardadas e estão hoje disponíveis em versões restauradas
Stiftung Deutsche Kinemathek
Vários locais de Lisboa > 16-18 nov, qui 18h, sex 18h30 e 22h, sáb 15h30 e 21h45 > €2, sessão na Cinemateca Júnior €3,20, associados Inatel grátis > bilhetes à venda no local, adquiridos até 1 hora antes da sessão, exceto nas sessões de entrada livre e na Cinemateca Júnior