Não há limites para a criação e a prova tem sido a abertura, no último ano, de galerias de arte contemporânea em lugares menos óbvios do Porto. Há muito que a Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa ambicionava ter uma galeria no interior do edifício da Foz. “Provavelmente há 20 anos”, lembra Laura Castro, diretora da escola. O sonho materializou-se há um mês, a 6 de abril, e, por isso, a primeira exposição leva a data no nome: INPUT 6417. Patente até junho, a coletiva de 15 artistas que inclui, entre outros, Rita Magalhães, Francisco Queirós, Pedro Sousa Vieira, António Olaio e Pedro Tudela, apresenta vídeos, fotografias, pinturas e instalações à volta do som, imagem e movimento. Laura Castro pretende que a sala de 150 metros quadrados seja “um sítio de diálogo entre a escola e o exterior”. O objetivo, acrescenta o artista plástico e curador Baltazar Torres, será “mostrar práticas artísticas importantes do nosso tempo, familiarizando- -as com os alunos e a cidade”.
Foi também à luz da arte contemporânea que nasceu, em dezembro de 2016, a Galeria Vertical, num dos parques de estacionamento mais icónicos da cidade: o Silo-Auto. Além de carros estacionados, os sete pisos do edifício apresentam-nos visões distintas da “construção de discurso enquanto código, do estudo da cor e da luz enquanto forma”, em trabalhos de Andreia Santana, Cristina Mateus, Fernando José Pereira, Luís Luz, Maria Trabulo, Mauro Cerqueira e Vera Mota, a coletiva da exposição/composição, Variação nº 2. O objetivo da Porto Lazer, que gere a galeria, é dotar o parque de outras dinâmicas. E, ao mesmo tempo, contrariar “o desenho clássico de uma galeria”, diz Luís Pinto Nunes, um dos curadores, juntamente com o arquiteto Luís Albuquerque Pinho.
No quarteirão de Miguel Bombarda já não é surpresa a arte saltar a cada esquina, mas, acredita Andreia Garcia, faltava um lugar dedicado à arquitetura emergente. Mesmo passando despercebida a entrada, na garagem de um edifício da Rua do Rosário, ali funciona a Galeria de Arquitetura, desde novembro passado. “Um cubo inusitado” que se torna, pelas suas dimensões (3×3 metros quadrados), num “exercício de arquitetura”, explica a jovem arquiteta que abriu esta galeria com o colega Diogo Aguiar. A última exposição, do coletivo Vírgula i, mostra-nos “um templo efémero dedicado ao ego”. Uma provocação, portanto.
Já a Mendo Galeria é um lugar “que tanto vê quem entra, como quem passa lá fora”. Foi esse objetivo de Cristina Mendo quando a abriu, há menos de um ano, na Foz, em homenagem ao irmão, colecionador de arte. Por ali passaram obras de Fernando Lanhas, Ângelo de Sousa e José de Guimarães e agora é a pintura de Carlos Carreiro a ocupar as paredes até 21 de maio. A galeria, com direção artística de Armindo Alves, quer transformar-se no espaço cultural da Foz.
Sala de Exposições > Universidade Católica Portuguesa > R. Diogo Botelho, 1327, Porto > T. 22 619 6200 > seg-sex 14h30-18h30
Galeria Vertical > Silo-Auto > R. Guedes de Azevedo, 180, Porto > T. 93 777 2911 > seg-dom 0h-24h (visitas guiadas sáb 17h30, 19h)
Galeria de Arquitetura > R. do Rosário, 191, Porto > seg-sáb 11h-20h
Mendo Galeria > R. do Crasto, 58, Porto > T. 22 610 2060 > ter-sex 12h30-20h, sáb-dom 15h-20h