Erro. Falha. Lacuna. Estas são palavras que facilmente associamos à ideia de memória. Afinal, quem não conhece (pelo menos) três versões da mesma história familiar? “No jantar de Natal, todas elas serão igualmente defendidas com toda a convicção”, brinca o brasileiro Alex Cassal, autor e encenador de Tiranossauro Rex – Procedimento Básico de Memorização e Esquecimento. Episódios autobiográficos deram origem a este espetáculo que conduz o público pelos bastidores do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa. Os camarins, o atelier de costura, a sala de prova, o bar dos artistas… São alguns dos locais onde se desenrolam cada um dos sete monólogos que compõem a peça.
Cada grupo de espectadores só assiste a cinco deles, uma prova da inevitável incompletude da memória. A linha do tempo apresentada ao público na cena inicial vai da atualidade até ao momento em que um meteoro terá extinguido os dinossauros, há 66 milhões de anos. Pormenores ou “pormaiores” da História que mudam vidas, tal como os acontecimentos autobiográficos aqui narrados. Alex Cassal sentiu a necessidade de usar referências nacionais para mais facilmente dialogar com o público. O filme sobre o pugilista Belarmino (1964), de Fernando Lopes, tornou-se o eixo central do espetáculo. Uma metáfora da luta permanente da existência. Cabe à memória contabilizar os combates perdidos e ganhos.
Tiranossauro Rex > Teatro Nacional D. Maria II > Pç. D. Pedro IV, Lisboa > T. 800 213 250 > 2-27 mar, qua 19h, qui-sáb 21h
e dom 16h > €8