Concerto em Almodôvar integrado no Terras sem Sombra 2016
Alfredo Rocha
Actividades como plantar sobreiros, assistir à tosquia tradicional de ovelhas ou fazer um percurso de barco pelo rio Mira não costumam integrar o programa de um festival de música sacra, a não ser que se esteja a falar do Terras sem Sombra. Nesta 13ª edição que se realiza a partir deste sábado, 11, e se prolonga até 1 de julho, o Terras sem Sombra há de passar por oito concelhos do Baixo Alentejo (Almodôvar, Sines, Santiago do Cacém, Ferreira do Alentejo, Odemira, Serpa, Castro Verde e Beja), a promover concertos de música erudita, quase todos em igrejas, ações de salvaguarda da biodiversidade e, a novidade deste ano, visitas guiadas aos centros históricos destas povoações alentejanas.
Do Espiritual na Arte. Identidades de práticas musicais na Europa dos séculos XVI-XX dá o mote ao festival que tem como país convidado a Espanha. O programa, em jeito de diálogo ibérico, vai trazer até ao Alentejo vários músicos e agrupamentos espanhóis. Por exemplo, as tradições do barroco e do flamenco vão ouvir-ser no concerto de inauguração, este sábado, 11, às 21 e 30 horas na Igreja Matriz de Santo Ildefonso, em Almodôvar, com a atuação da Accademia del Piaccere (de Sevilha), dirigida por Fahmi Alqhai (também na viola da gamba), e o cantaor Arcángel.
Em Serpa, que no ano passado recebeu a primeira representação de uma ópera no Baixo Alentejo, decorre a 6 de maio, o espetáculo de flamenco com a cantaora cigana Esperanza Fernández e o guitarrista Miguel Ángel Cortés, num reportório que inclui temas religiosos e outros, inspirados pelo escritor José Saramago.

Esperanza Fernández, cantaora cigana de flamenco gravou o seu último disco ‘Mi voz en tu palabra’ com poemas de José Saramago
Luis Castilla
De Nova Iorque vem o quarteto de cordas Brentano (a 25 de março em Santiago do Cacém). Há também um concerto realizado com a colaboração da Embaixada da Hungria em Portugal, que traz até à Basílica Real de Nossa Senhora da Conceição, em Castro Verde (dia 8 de abril), Antal Cseh (tenor), Apollónia Szolnoki (mezzo-soprano) e András Rákai (piano). Mas também existem representações portuguesas, com a do Coro Gulbenkian que encerra os concertos do festival, a 17 de junho, na catedral de Beja.
Além da música, o Terras sem Sombra distingue-se por, a cada concerto de música, se associar uma ação de voluntariado que visa a salvaguarda da biodiversidade das várias regiões que o festival percorre. A proteção da natureza e dos habitats é feita com passeios em áreas naturais, rios, percursos na natureza e outras iniciativas abertas a todos os participantes.
Este ano, por cada dia de concerto (sempre aos sábados) decorrem ainda passeios com a duração de duas horas e meia de duração que vão permitir conhecer os centros históricos das povoações e, por exemplo, visitar monumentos e outros edifícios que normalmente estão encerrados ao público.
Terras sem Sombra > 11 fev-1 jul > várias localidades do Baixo Alentejo > grátis