Liquid Skin, de Joaquim Sapinho e Apichatpong Weerasethakul
Paulo Coelho
Ainda não é uma nova ocupação do interior do recém-inaugurado edifício do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (que os mais curiosos podem visitar, gratuitamente, até março de 2017). Mas estas três novas mostras, na Central Tejo, são já inauguradas com a marca do MAAT, nova designação de todo aquele espaço da Fundação EDP dedicado a exposições.
Destaque para Liquid Skin, até pelo modo como se liga absoluta e intrinsecamente ao espaço que ocupa. Na sempre imponente Sala das Caldeiras, o realizador português Joaquim Sapinho e o tailandês Apichatpong Weerasethakul espalham imagens – luzes e sombras. Algumas exigem do espectador que as procure entre tubagens e recantos metálicos. As projeções de Sapinho remetem para fragmentos de narrativas (nomeadamente as do filme/projeto Diários Suspensos, a partir das memórias visuais da sua família) e a ocupação de Apichatpong envia-nos para o seu cinema de sombras e sonhos. A presença mais espetacular é a da projeção Fireworks (Fans), só ligada depois do pôr do Sol, onde o realizador tailandês, suspendendo uma bola de fogo viva no ar, nos faz pensar nos trabalhos com imagens em movimento de Bill Viola.
Misquoteros – A Selection of T-Shirt Fronts, de Eduardo Batarda
Eduardo Batarda, aos 73 anos, quando se assinala a passagem de meio século sobre a sua primeira exposição individual, apresenta, em Misquoteros – A Selection of T-Shirt Fronts uma espécie de pintura da era das redes sociais (ou pegando na ideia do título, do tempo em que as t-shirts falam e dizem muitas coisas). São quadros formalmente convencionais (pinturas) e semelhantes entre si, habitados por palavras, frases curtas: entre a ironia e o desconcerto, o statement e as questões ou provocações numa sala que se abre, assim, a infinitos sentidos.
Também Rui Calçada Bastos, em Walking Distance, exposição comissariada por João Pinharanda, regista (em fotografias de grande formato, um filme e três instalações) desconcertos e desarmonias do mundo, expondo-os como eventuais sinais de alguma coisa (cabe-nos a nós encontrar potenciais sentidos e narrativas ou simplesmente fruir de uma certa poética do absurdo e do vazio que ali habita).
MAAT Fundação EDP > Av. Brasília, Central Tejo, Lisboa > T. 21 002 8128 > Misquoteros – A Selection of T-Shirt Fronts até 13 fev, Liquid Skin até 24 abr, Walking Distance até 16 jan > ter-dom 12h-20h > grátis a €5
Walking Distance, de Rui Calçada Bastos
