Desde 2004, sempre por esta altura do ano, a cidade do Barreiro transforma-se num espaço de liberdade estética, que celebra a música experimental em todas as suas mais variadas vertentes, sem rótulos nem fronteiras. Música improvisada, eletrónica, jazz, rock, erudita, contemporânea ou qualquer outra linguagem, tudo cabe sob o largo guarda-chuva do Out.Fest, um festival que desde o início tem sabido incluir no seu cartaz “a história, o presente e o futuro da criação musical de vanguarda”.
Com espetáculos distribuídos por diversos locais (os portadores de bilhete têm viagens gratuitas nos autocarros dos Transportes Coletivos do Barreiro), o festival tem início esta quinta-feira, 6, no Velvet Be Jazz Club, na Escola de Jazz do Barreiro, por onde irão passar o pianista espanhol Agostí Fernandez, o percussionista francês Lê Quan Ninh e o supergrupo formado pelo produtor americano Jamal Moss, o vibrafonista e multi-instrumentista anglo-jamaicano Orphy Robinson, o saxofonista britânico Evan Parker e o trompetista da Suazilândia Yaw Tembé, para um espetáculo de fusão e free jazz, que promete ser um dos momentos altos desta edição. Na sexta-feira, 7, o festival muda-se para o Auditório Augusto Cabrita, que irá receber um verdadeiro alinhamento de luxo. A noite começa ao som de Klein, uma jovem nigeriana radicada em Londres, que no início deste ano lançou o disco de estreia “Only”, no qual mistura a cultura popular urbana afro-americana e britânica com referências da música de igreja e de pregação do seu país natal. Depois, É a vez de subir ao palco o trio britânico composto pelo saxofonista Evan Parker, o contrabaixista Barry Guy e o baterista Paul Lytton, unanimemente considerado um dos coletivos essenciais da história do jazz e da música improvisada, pelo modo como desde há três décadas têm criado novas possibilidades de expressão em forma de música. E é também de história que se trata, quando se fala do senhor que se segue: Peter Kember, membro fundador dos seminais Spacemen 3. Enquanto músico ou como produtor, a sua criatividade tem marcado muita da produção musical alternativa, colaborando com nomes tão diversos como Stereolab, Yo La Tengo ou, mais recentemente, Panda Bear e MGMT. Em paralelo, continuou sempre a exploração sonora por caminhos menos óbvios, em projetos pessoais como o Experimental Audio Research (E.A.R.), nome sob o qual se apresenta no Out.Fest.
No sábado, 8, são também vários os motivos de interesse no extenso alinhamento que irá passar pela Associação Desenvolvimento Artes e Ofícios, no qual se destacam nomes como os japoneses Acid Mother Temples, verdadeiras lendas vivas do rock psicadélico, os portugueses Tropa Macaca, o dj americano Hieroglyphic Being (alter-ego para a m´suica de dança do produtor Jamal Moss) e especialmente o encontro entre os músicos Hans-Joachim Irmler e Jaki Liebezeit, duas figuras de proa do movimento kraut-rock alemão, enquanto membros dos Faust e dos Can, respetivamente. O festival termina no domingo, 9, à tarde, com um espetáculo de entrada livre do português André Gonçalves, um artista multimédia sediado em Lisboa, que irá trazer até ao Convento da Madre de Deus da Verderena a eletrónica etérea do trabalho Música Eterna.
Paralelamente aos concertos, haverá dois workshops: um sobre sintetizadores modulares analógicos, a cargo de Peter Kember e André Gonçalves, na quinta, 6, nas Oficinas ADDAC SYSTEM, em Lisboa, e outro sobre música improvisada, por Lê Quan Ninh, na sexta, 7, na Escola de Jazz do Barreiro.
Out.Fest – Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro > Vários locais do Barreiro > 6-9 out, qui-dom 21h30 e 17h30 > €10 a €25 (passe)