Cabe muita coisa dentro de uma cabeça. Maria Imaginário imaginou-a como uma espécie de taça, que pode ser de várias cores, mas a quem nunca mas mesmo nunca faltam pensamentos mais ou menos inquietantes, mais ou menos desarrumados, mais ou menos encadeados, mais ou menos pacificados. Na exposição A Mind of its Own, a artista plástica transforma a Galeria Underdogs, em Lisboa, num espaço com pensamentos à solta: nas oito grandes telas e nos quadros que pintou, nas pequenas esculturas e na grande instalação que preparou (surpresa, surpresa!) para nos levar para um “universo paralelo”, diz. “Quis criar um ambiente acolhedor e onírico, como se estivéssemos numa bolha à parte, cheia de pensamentos que aparecem e rebentam para dar lugar a outros.” Nas suas pinturas, de traço sempre aparentemente cândido e inocente, e repletas de pormenores para descobrir, Maria Imaginário dá vida a cabecinhas pensadoras e a pequenas personagens zelosas, prestáveis e de ímpeto apaziguador. “Depois de Coraçãozinho de Merda e de outros trabalhos que fiz em torno do amor, estou mais interessada em como lidamos e arrumamos os sentimentos de forma mais individualizada e racionalizada. Estas peças estão mais relacionadas com a forma como pensamos e como os pensamentos se processam e se organizam”, explica. Processos mentais e criativos, aqui representados em tons suaves, a equilibrar as energias. Uma exposição autobiográfica, confessa Maria Imaginário, que, começando por querer sair da sua zona de conforto, acabou por não conseguir fugir à sua essência. “O que faço tem sempre a ver comigo, pinto mesmo o que vem de mim. E, na verdade, sou uma lamechas, com excesso de pensamentos, a avaliar tudo.” Uma mente única, como o nome que escolheu para esta mostra individual. Em busca de uma certa paz de espírito.
A Mind of its Own > Galeria Underdogs > R. Fernando Palha, Armazém 56, Lisboa > 15 jan-13 fev, ter-sáb 14h-20h > grátis