O Jardim Zoológico de Cristal
É a terceira vez que Sandra Faleiro trabalha esta peça de Tennessee Williams, considerada a mais autobiográfica do dramaturgo americano. Já a interpretou duas vezes – uma quando estudava no Conservatório, outra, em finais dos anos 90, numa encenação de Diogo Infante – e agora pega nela como encenadora, a convite de Cucha Carvalheiro, uma das atrizes deste elenco. “Gosto muito deste texto e desta escrita tão delicada. Tem um lado muito triste, mas não é melodramático. É poético. E, por isso, tem que ser trabalhado quase com uma lupa. E, ao mesmo tempo, dá-me uma grande liberdade”, diz Sandra Faleiro sobre esta história passada na América dos anos 30, em tempo de Grande Depressão e de uma classe média a mãos com a crise económica. Em cena, está Tom Wingfield (Pedro Lacerda), narrador e personagem, poeta que recorda os tempos de juventude em que tinha a mãe (Cucha Carvalheiro) e a irmã (Inês Pereira) a cargo e as sustentava com o trabalho num armazém de calçado, refugiando-se na bebida, no cinema e na literatura. Uma família a que chegará, como pretendente da rapariga, um dos colegas de trabalho de Tom, Jim O’Connor (João Vicente), um “jovem empreendedor”. São Luiz Teatro Municipal > R. António Maria Cardoso, 38 > T. 21 325 7640 > 11-20 nov, qua-sáb 21h, dom 17h30 > €5 a €15
‘Allo, ‘Allo!
No palco do Teatro da Trindade, em Lisboa, recria-se um dos mais célebres cafés franceses durante a Segunda Guerra Mundial – o de René Artois, na série de televisão Allo Allo. Paulo Sousa Costa e João Didelet encenam esta adaptação ao teatro que reúne no elenco Oceana Basílio, José Carlos Pereira, Pedro Pernas, Elsa Galvão, Rúben Madureira, Sissi Martins, Suzana Borges, José Henrique Neto, Filipe Crawford, Luís Pacheco, Melânia Gomes e também João Didelet. Em cena, não faltarão René, Edith, Yvette, Mimi, Herr Flick, Von Klinkerhoffen e muitos outros personagens entre britânicos, franceses e alemães. Teatro da Trindade > Lg. da Trindade, 7A, Lisboa > T. 21 342 3200 > 11 nov-12 dez, qua-sáb 21h30, domingo 18h > €9,50 a €18
Trabalho Precário
No Festival Temps d’Images, Rui Catalão apresenta Trabalho Precário, um solo onde volta a explorar a autobiografia e a memória como matéria teatral. Na sala da Rua das Gaivotas 6, em Lisboa, contará algumas das histórias em torno de um livro que escreve desde os 18 anos e que nunca terminou. “Corresponde ao caderno de exercícios com que aprendi a escrever. Desde então, dediquei-me mais a corrigi-lo, a editá-lo e, acima de tudo, a cortá-lo, do que propriamente a fazer acrescentos”, explica na apresentação da peça. E ainda: “Devo admitir que sempre tive vergonha de escrever poemas. A história deste ‘acto cénico’ é sobre o porquê da relutância, e de escrevê-los mesmo assim.” Rua das Gaivotas 6 > R. das Gaivotas, 6, Lisboa > T. 21 096 2355 > 12-14 nov, qui-sáb 21h30 > €3
Macbeth
Quando esta sexta-feira, 13, se estrear Macbeth no Teatro Municipal Mirita Casimiro, no Monte Estoril, terão passado exatamente 50 anos desde que o Teatro Experimental de Cascais (TEC) se apresentou ao público pela primeira vez. Nesse mesmo dia de 1965, o jovem encenador Carlos Avilez estreava Esopaida, de António José da Silva (o Judeu), no palco do Teatro Gil Vicente, em Cascais. As celebrações deste aniversário redondo começaram com Torga, a partir de textos do escritor Miguel Torga, estreado em abril, e Peer Gynt, de Henrik Ibsen, em julho (com Maria Vieira à frente de quatro elencos diferentes compostos por 70 atores, alguns, como já é hábito, alunos da Escola Profissional de Teatro de Cascais). Agora, chega Macbeth, de William Shakespeare, e Carlos Avilez reúne em palco atores que passaram pelo TEC ao longo destas cinco décadas, diz, “para celebrar o trabalho de uma companhia de teatro que se mantém tão viva quanto a obra de Shakespeare”. Flávia Gusmão e Marco D’Almeida são dois deles e assumem os papéis principais nesta versão com dramaturgia de Miguel Graça. A seu lado terão, entre outros, Teresa Côrte-Real, Paula Lobo Antunes, Cláudia Semedo e Pedro Caeiro. “Meio Século depois, o TEC é ainda uma companhia jovem que privilegia o texto e a celebração da essência do teatro: a partilha”, escreve Avilez na apresentação da peça. Teatro Municipal Mirita Casimiro, Av. Fausto de Figueiredo, Monte Estoril > T. 21 467 0320 > 13 nov-27 dez, qua-sáb 21h, dom 16h > €10
Lugar do Olhar
São três as peças que chegam agora ao palco da Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, integradas no ciclo Lugar do Olhar – uma colaboração entre o D. Maria II e o Festival Temps d’Images, que lançaram um concurso para jovens artistas na área das artes performativas que integrassem imagens em movimento em trabalhos inéditos. No próximo fim de semana, dias 14 e 15, em Erasure, Pedro Manuel reflete sobre o conceito de “apagamento”, fotografando imagens compostas no momento, projetando-as numa tela e voltando a fotografá-las. Uma semana depois, a 21 e 22, Ricardo Cabaça apresenta Stop motion para Eadweard, para dar a conhecer Eadweard Muybridge, fotógrafo inglês do séc. XIX, cruzando a linguagem do cinema com o teatro. Por fim, a 28 e 29, estreia O Fosso dos heróis, uma encenação de Ágata Pinho, é uma releitura de Cassandra, de Christa Wolf, dando uma visão feminina sobre a guerra, a partir daquela personagem das mitologia grega. Teatro Nacional D. Maria II > Pç. D. Pedro IV, Rossio, Lisboa > T. 21 325 0800 > 14-29 nov, sáb 21h30, dom 16h30 > €6, €12
Desta Carne Lassa do Mundo
Com o Teatro do Vão, Daniel Gorjão propõe-se construir uma nova dramaturgia para Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Em Desta carne lassa do mundo, cruza o teatro com as artes visuais e a música, transformando os atores em djs que se movem numa cenografia inteiramente feita de vídeo. “Toda a encenação é assente na ideia do desejo como motor de conflito, sendo a cena um ininterrupto campo de batalha, onde os intérpretes se consomem até à perdição”, explica Daniel Gorjão. Em palco, Romeu, Julieta, Tebaldo, Mercuccio, Ama, Frei Lourenço, Páris e Rosalina, oito personagens que condensam toda a história, aqui falada na língua original, o inglês, e português. Com Ana Sampaio e Maia, André Patricio, Carla Galvão, João Duarte Costa, João Villas-Boas, Miguel da Cunha, Miguel Raposo, Teresa Tavares e Vitor d’Andrade. Picadeiro do Museu Nacional de História Natural e Ciência, Lisboa > T. 93 916 7460 > 16-22 nov, seg-dom 22h > €7,50