Não é uma exposição que vemos, antes uma exposição de que fazemos parte mal pomos um pé dentro da galeria. Princípio do Fim, de ±MaisMenos± (nome “de guerra” de Miguel Januário), abre portas este sábado, 7, na Underdogs, em Lisboa, e, diz o artista, quer “provocar o confronto das pessoas consigo próprias, com os outros e com a perda de valores”. É esse o jogo de palavras que – já nos habituou a isso – faz logo no título da exposição: este “princípio do fim” é um início de uma realidade de destruição, mas também procura remeter-nos para os princípios de que vamos abdicando. “É importante chamar a atenção para a forma como nos estamos a tornar mais alheios e distantes do outro”, sublinha Miguel Januário.
Na Galeria Underdogs, haverá espelhos a devolver-nos o reflexo e muitos caminhos por onde poderemos deambular, cruzando-nos com os outros visitantes e com as frases e as peças criadas por ±MaisMenos±, num ambiente escuro e pesado, onde se joga com várias sensações. “É mais uma experiência do que uma exposição, acredito. Somos todos parte integrante de um futuro comum e o que quis pôr aqui são as possibilidades desse futuro. É uma visão distópica, mas mais de alerta do que de distopia”, afirma. Nas paredes da galeria, frases de ordem que ±MaisMenos± já deixou nas ruas – como “we are not a loan“, criada quando a Grécia foi a referendo, “nous ne sommes rien“, a propósito do massacre no jornal Charlie Hebdo, ou “somos o que nos resta“, inscrita nos Estaleiros de Viana – mas também outras, como as do Papa Francisco – “La unidad prevalece sobre el conflito“, “No a la inequidad que genera violencia“, “La realidad es más importante que la idea“, “No a la nueva idolatría del dinero“. Olhemos, irmãos.

Bruno Lopes
Princípio do Fim > Galeria Underdogs > R. Fernando Palha, 56, Lisboa > T. 21 868 0462 > 7 nov-23 dez, ter-sáb 14h-20h > Grátis