Fotografar ou filmar Real Bodies não será possível. Apenas a memória de cada visitante conseguirá gravar as imagens dos mais de 350 órgãos e corpos humanos reais inteiros que vão estar em exposição, a partir deste sábado, 31, na Cordoaria Nacional, em Lisboa.
José Araújo, um dos responsáveis pela chegada da exposição a Portugal (os promotores são a World Crew Events e Doca), explica que, embora o tema seja o mesmo que o de uma outra exposição que já passou por cá em 2007, o que se vê na Cordoaria “é diferente no conteúdo e dimensão”. Em Veneza, onde esteve patente durante cerca de quatro meses, Real Bodies – Descubra o Corpo Humano acolheu cerca de 200 mil visitantes. Em Lisboa, também é esperado um número significativo.
A mostra, de grande impacto visual, ocupa 1700 metros quadrados, e é composta por dez galerias onde, em pormenor, se dá a conhecer os esqueletos, os músculos, o sistema circulatório e nervoso, os aparelhos digestivo, urinário, reprodutivo (desenvolvimento fetal) e respiratório. Integra ainda uma zona dedicada à anatomia seccionada e outra ao desporto.
Vai tratar-se de uma visita de descoberta, educativa e pedagógica, tanto para adultos como para crianças. Nas palavras do cirurgião António Gentil Martins, que se associou à iniciativa: «É dar a conhecer o que não se conhece». Secção a secção descobrimos a localização dos órgãos, dimensão e relação entre os mesmos, as terminações nervosas que percorrem o corpo, fetos e embriões em várias fases, o interior do cérebro, a musculatura necessária a movimentos como a finta de um basquetebolista, um remate de um jogador de futebol ou um simples movimento de pontas de uma bailarina.
A informação de Real Bodies é muita e detalhada, por isso é preciso ir com tempo. A organização prevê que a visita dure uma hora e meia, mas Laura Navarro Alegria, de origem espanhola e comissária da exposição, tem outra opinião: “Acho que são necessárias três horas”. Melhor do que ninguém, Laura sabe o que é preciso para conseguir absorver a quantidade de dados contida nestes corpos.
“Por dentro somos todos iguais e o objetivo da exposição é sobretudo compreender o funcionamento do corpo de forma a podermos aprender a defendê-lo.” Entre as várias tarefas que Laura Navarro Alegria executa, está a limpeza diária das “peças”. Os órgãos e corpos humanos encontram-se preservados através de uma técnica designada de polimerização, a mais avançada na conservação de corpos, e que inclui, por exemplo, a retirada de todos os fluidos.
Este tipo de exposições só são possíveis de concretizar porque houve pessoas que doaram o seu corpo à ciência, um assunto ainda pouco falado entre os portugueses para o qual Gentil Martins chama à atenção: “A sociedade tem interesse que os médicos sejam bons e que aprendam e treinem competências em coisas reais. É pensar que, depois de morto, não sirvo para nada. Vou ajudar e ser útil para a ciência”.
Real Bodies – Descubra o Corpo Humano > Cordoaria Nacional, Av. da Índia, s/n, Lisboa > T. 91 045 6819 > 31 out-10 abr > seg-dom 10h-20h > €15,50, crianças 5-12 anos €11,50