David Chase disse que participaria no documentário sobre a família Soprano, só não sabia que este seria sobre si – e como dizia Tony Soprano: “Relembrar é a pior forma de conversar.” Passam mais de oito minutos até ao genérico de Wise Guy: David Chase and The Sopranos, em que imagens da série se misturam com ambientes de hoje, num belo reavivar da memória.
Passados 25 anos da estreia de Os Sopranos, o produtor e realizador do documentário Alex Gibney quis destacar como a história desta família italiana em New Jersey era tão pessoal para o seu guionista e realizador, uma amálgama de muitas coisas que Chase viveu e pensou. Sempre lhe disseram que devia escrever sobre a sua mãe, uma mulher estranha e engraçada, mas não podia ser só isso. O filme que idealizou resultou na primeira temporada da série sobre um mafioso que vai ao psiquiatra depois de ter ataques de pânico.
O guião foi recusado pelos principais canais, Fox, ABC, CBS e NBC, numa altura em que a HBO não os considerava concorrência e estava interessada em fazer a diferença. Seria possível ter um anti-herói como Tony Soprano como protagonista?
Foi na universidade, em 1964, que David Chase começou a apreciar cineastas como Jean-Luc Godard, Ingmar Bergman, Federico Fellini e sobretudo Roman Polanski, de cuja linguagem queria muito aproximar-se para apresentar Os Sopranos.
Para David Chase, “a arte do cinema era tão envolvente” e as personagens eram a sua segunda pele. As imagens das audições dos atores, como James Gandolfini, Steven Van Zandt, Lorraine Bracco, Edie Falco ou Michael Imperioli são verdadeiras pérolas.
A HBO demorou dez meses para aceitar o projeto e estabelecer uma relação com Chase baseada na confiança. Foi o conceito certo para a época, em que o sonho e o pesadelo norte-americano partilhavam a mesma história. Bem dizia Tony Soprano: “É sempre tudo sobre dinheiro”.
Wise Guy: David Chase and The Sopranos > Max > Estreia 8 set, dom > 2 episódios