Agora que está feito o alerta de SPOILER e posso ir já direta ao assunto, deixo aqui a pergunta: o que será mais repelente? O corpo apodrecido de Viserys, aqueles buracos na carne putrefacta, ou a moral hipócrita de Alicent, a beatice cheia de mofo, o ar de virgem ofendida e ressabiada? Não está fácil suportar esta mulher! (Nem o cheiro imaginário que sinto emanar de Viserys, concedo…)
Mas vamos aos princípios do episódio 8 (e já no sofrer antecipado pelo fim da temporada, que termina ao 10.º), em que assistimos a novo salto no tempo e nos encontramos num futuro seis anos à frente. A miudagem está toda crescida. Rhaenyra e Daemon estão casados e felizes, tiveram dois rapazes lourinhos, Aegon e Viserys, e vão ser novamente pais.
Em Derivamarca temos um desgosto. O fantástico Lord Corlys Velaryon está nas últimas. Ironicamente tem a febre do sangue, que o corrói por dentro, e é justamente o sangue que vai trazer a desarmonia à sua casa. Manda a lei que seja o filho mais velho a herdar o título. Ora, Laenor alegadamente está morto e, embora tenha três filhos com a princesa Rhaenyra, na verdade nenhum é dele, mas do amante dela.
O filho mais velho de Laenor e Rhaenyra, Jace, será rei, pelo que o segundo, Luce, deveria herdar Derivamarca. Mas o tio, irmão de Corlys, não concebe que aquele seja o fim do sangue Velaryon e vai a Porto Real com uma petição: que seja ele o próximo Senhor das Marés.
Porto Real está “on fire”. Governa Alicent e o pai, Otto, porque Viserys, já o dissemos, está apodrecido. Tem uma espécie de lepra já espalhada por todo o corpo e usa uma máscara que o deixa parecido com o fantasma da ópera. Está nos paliativos, embriagado de leite da papoila. Rhaenyra fica desesperada ao vê-lo assim: como vai o pai defendê-la quando põem em causa a legitimidade dos seus filhos e, por consequência, a sua pretensão como sucessora ao trono?
No pátio do castelo reina… Aemond, o segundo filho de Viserys, aquele que ficou sem um olho. Cresceu, usa pala e ninguém o vence em combate. Tem um aspecto formidável e uma atitude odiosa, o que fará dele um excelente vilão. Aegon, o primeiro, continua um tolo. Está casado com a irmã, Helaena. Embora chateada, a mãe vai sendo cúmplice dos seus abusos sexuais contra tudo que é mulher que se cruza no seu caminho. Alicent faz “desaparecer” as provas.
Portanto, incesto oficializado e violação tudo bem. O que Alicent nunca perdoou foi o sexo consentido antes do casamento, no caso entre Rhaenyra e Sir Criston (que triste personagem se tornou Sir Criston!). Rhaenyra foi prazer, enquanto Alicent foi dever. Como dizia lá em cima, a moralidade da rainha é qualquer coisa. Vai servir-lhe, porém. A aliança com a religião, todas aquelas estrelas e rezas, só podem anunciar vantagens e poder.
Voltando ao enredo… Perante o trono de ferro, o irmão de Corlys não tem como fugir ao argumento – ele quer ser senhor de Derivamarca porque o sobrinho-neto é bastardo e a mãe uma p… E antes que Viserys lhe corte a língua, Daemon, que tão apagado tem andado, corta-lhe a cabeça de forma espetacular. Seja bem aparecido Daemon! Ele é também co-protagonista (com Viserys) da cena mais comovente do episódio, quando o rei, ultra decadente, sobe ao trono uma última vez para ir defender a filha – e o irmão, que tanto quis aquele trono e aquela coroa, a apanha do chão, coloca-a na cabeça de Viserys e dá-lhe o braço para o apoiar.
Reunidos num último jantar de família, Viserys pode despedir-se dos seus e Paddy Considine vai deixar saudades pelo seu desempenho notável.
Já no quarto, o rei pensa estar a falar com Rhaenyra e conta a Alicent o sonho de Aegon I, o Conquistador, o príncipe prometido que enfrentará a ameaça que vem do norte. Alicent julga que ele está a falar de Aegon, o filho de ambos, que ela quer ver no trono em vez de Rhaenyra. Querem ver que o mal entendido vai fazer levantar as armas? Descansa em paz, Viserys, que aí vem guerra.