O temor que impregna a narrativa da minissérie é palpável. Em Nome do Céu é baseada no livro homónimo de Jon Krakauer, um best-seller que contava a história do horrendo assassínio de Brenda Wright Lafferty (interpretada por Daisy Edgar-Jones, a atriz que conhecemos de Normal People) e da sua filha de 15 meses, que ocorreu no subúrbio de Salt Lake Walley, no estado do Utah, em 1984. O crime teria sido praticado por perigosos fundamentalistas que usaram uma versão distorcida das palavras sagradas para justificar os seus atos.
Neste drama policial, Andrew Garfield representa o detetive Jeb Pire, o responsável pela investigação, um mórmon devoto que, à medida que desvenda factos perturbadores sobre o caso e sobre as práticas da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, começa a questionar a sua própria fé.
A adaptação assinada por Dustin Lance Black – argumentista vencedor de um Oscar na categoria de Melhor Argumento Original, com o filme Milk – não esteve isenta de críticas. Num artigo publicado na revista The Atlantic, o jornalista mórmon McKay Coppins contesta o retrato enviesado, com a série empenhada em mostrar uma “religião opressiva e violenta”, cujos “adeptos tradicionais estão sempre à beira da radicalização”. Descreve-a como “um dos tratamentos mais abertamente hostis de um grupo religioso minoritário a aparecer no entretenimento popular norte-americano neste século”.
Black cresceu no seio desta igreja, mas acabou por se afastar, em parte pela homofobia reinante. O argumentista admitiu estar preparado para receber, inclusive, ameaças de morte dos seguidores mórmones extremistas. Mas não se conteve na dureza do relato, que destaca a história de violência da Igreja e o silêncio com que enfrentou (e não condenou veementemente) esta e outras manifestações fundamentalistas dos seus membros.
Em Nome do Céu > Disney+ > 7 episódios > Estreia 27 jul, qua