Que beleza poderá haver em assumir rugas, corcundas, dores e doenças? Toda, sobretudo se tivermos Michael Douglas, 76 anos, e Alan Arkin, 87, como interlocutores. Na série O Método Kominsky, as reviravoltas na amizade entre Sandy Kominsky e Norman Newlander (papéis de cada um dos atores, respetivamente), que partilham desde as intimidades sexuais aos exames à próstata, conseguem levar-nos das gargalhadas às lágrimas em poucos minutos.
Esta terceira e última temporada, com seis episódios, começa com os elogios fúnebres, numa mistura explosiva de palavras, de Sandy para Norman. Depois do funeral, seguem-se conversas inconvenientes sobre a herança, ainda mais quando Sandy ficou responsável por atribuir uma mesada à filha e ao neto de Norman – uma ébria recuperada, o outro ligado à cientologia.
Nesta história centrada na vida de pessoas mais velhas, mais experientes e que se azucrinam há 50 anos – escrita e realizada por Chuck Lorre, produtor por detrás de A Teoria do Big Bang e Dois Homens e Meio –, as cenas entre Sandy e Norman à mesa do bar marcam por ser hilariantes, mas, no primeiro episódio, primam pela comoção. A caminho de Los Angeles está Roz (a irreconhecível Kathleen Turner, com 66 anos) para estar com a filha e ajudá-la a planear o casamento.
Surpreendente é a participação do ator Morgan Freeman e do realizador Barry Levinson, ambos interpretando versões ficcionadas de si mesmos. Levinson está a fazer o remake de O Velho e o Mar e Sandy não é, de todo, a sua primeira escolha. Mas o realizador prefere alguém desconhecido que o público nunca viu e acaba por oferecer-lhe o papel, mesmo sem audição. Já Morgan Freeman vai à escola de Sandy para dar uma masterclass, e a rivalidade entre dois grandes atores dá um belo momento de representação da arte do improviso. Que todas as velhices fossem assim.
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O Método Kominsky (T3) > Netflix > Estreia 28 mai, sex