O tom é intimista quando, numa conversa com raparigas adolescentes, Michelle Obama explica já não ser possível voltar à normalidade que tinha antes de ter sido primeira-dama dos Estados Unidos da América. A realidade desta mulher afro-americana, hoje com 56 anos, mudou para sempre e nada será como antes de 2009, quando se tornou a “única inquilina da Casa Branca que teve um antepassado escravo”.
Em 2018, um ano depois de o casal Obama ter saído da Washington, Michelle reuniu as suas memórias no livro autobiográfico Becoming, A Minha História (em Portugal editado pela Objectiva), que já vendeu mais de dez milhões de exemplares. São 24 capítulos divididos por quatro partes, em que Michelle fala com o coração na boca sobre tudo: a Chicago da sua infância, a importância de cada membro da família, as amigas da escola, os estudos universitários em Sociologia, Estudos Afro-Americanos e Direito, os amores, a carreira, o casamento com Barack Obama (que sempre lhe prometeu “uma viagem interessante”), a infertilidade, a maternidade, as filhas Malia e Sasha, a figura pública, a política e o papel de primeira-dama, “uma espécie de sidecar da presidência”. Seguiu-se uma tournée por 12 cidades norte-americanas e duas na Europa (Paris e Londres), para aquilo a que chamou de “conversas íntimas”, para plateias, por vezes, com 20 mil pessoas, qual estrela de rock.
De câmara em riste, a realizadora Nadia Hallgren foi a sua sombra durante vários meses e o resultado é este documentário que agora se estreia na Netflix. A ligação do casal Obama à plataforma de streaming já vem de trás. Em 2019, foram os produtores executivos de American Factory, de Steven Bognar e Julia Reichert, vencedor do Oscar de Melhor Documentário. E na calha estão outros seis projetos, entre eles Bloom, uma série que retrata o mundo da moda em Nova Iorque, no pós-Segunda Guerra.
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