A história da Madre Paula já andava na cabeça de Patrícia Müller há uns 15 anos, depois de ter lido uma notícia sobre o adultério do rei D. João V com uma freira. Na altura, considerou-o “um amor tão proibido, quanto intenso para ambos” e, em 2014, arriscou na escrita do romance histórico Madre Paula (editado pela Asa). A realidade é sempre melhor do que a ficção e disso Patrícia Müller nunca duvidou.
“Esta é uma petite histoire fundamental para a grande História de Portugal. A Madre Paula foi uma freira que entrou no Convento, em Odivelas, porque o pai não tinha maneira de a sustentar. D. João V conheceu-a quando ela era amante do Conde de Vimioso e reza a história que o rei ofereceu duas freiras em troca de Paula”, descreve a escritora. “Esta personagem feminina é muito rica em termos de exploração de personalidade, algo muito difícil de encontrar na ficção, porque ela começa por ser uma rapariga pobre que vai para o convento contrariada, torna-se amante de um homem porque sabe que dali vai tirar dividendos, e começa a ser amante do rei. Tinha mau feitio e era muito desobediente”, acrescenta.
Os 13 episódios da série vão retratar os 13 anos que D. João V (Paulo Pires) e Madre Paula (Joana Ribeiro) viveram apaixonados, tendo nascido um filho. Para escrever o livro que serviu de base a esta produção da Vende-se Filmes, que também se estreia no campo da ficção, Patrícia Müller contou com a colaboração de Máxima Vaz, historiadora especialista no concelho de Odivelas, além de muitas visitas à Torre do Tombo, à Biblioteca Nacional e ao túmulo de Madre Paula.
“Por vezes, os romances históricos são muito maçudos. Queria fazer um livro sobre uma mulher que amou um homem, por isso está escrito na primeira pessoa, mas a série não. A câmara entra na corte, mostra o ponto de vista do rei, do seu irmão, o Infante Francisco (Miguel Nunes) que o quer destronar e da rainha Maria Ana de Áustria, uma mulher muito culta, que odiava Portugal e as amantes do marido. Na série veremos uma rainha rival cheia de genica (Sandra Faleiro) à altura da Paula.”
Imagine-se um convento repleto de freiras, em pleno século XVIII, onde os homens vão para ter sexo. Essas cenas vão existir, sim, mas sem bolinha vermelha no canto direito do ecrã, garante Patrícia Müller.
A escrita de Patrícia Müller, 38 anos, já chegou, por diversas vezes, à televisão, em novelas de grande audiência, como a primeira temporada de Morangos Com Açúcar, Inspetor Max, Mar de Paixão, Rosa Fogo ou, recentemente, Poderosas.
Madre Paula > RTP1 > estreia 5 jul, qua 22h30