Muito antes da ideia de se criar um museu para abrigar a sua coleção de obras de arte, já Calouste Gulbenkian se deixava seduzir pelos beaux objets. A primeira moedinha, adquirida aos 14 anos, foi o início de uma paixão duradoura estendida a pintura, escultura, cerâmica e faiança islâmica, artefactos gregos, iluminuras e livros valiosos, peças de mobiliário, têxteis, ourivesaria.
Cinco décadas e meia após a sua inauguração (foi em 1969), o Museu Calouste Gulbenkian fecha as suas portas para obras de requalificação a partir da próxima terça, 18.
Antes disso, avizinha-se um fim de semana em que se celebra um espólio de mais de seis mil peças, da Antiguidade até ao início do século XX. A entrada no museu será gratuita neste sábado e domingo, dias 15 e 16, para os titulares do Cartão Gulbenkian (igualmente gratuito). A Fundação incentiva a adquiri-lo no seu site e assim terá acesso até dois bilhetes.
A agenda deste sábado, 15, está preenchida com visitas guiadas durante todo o dia, oficinas e um concerto com os Solistas da Orquestra Gulbenkian. Neste dia, o museu estará aberto até às 21 horas.
Nas visitas guiadas “Já tenho saudades!”, os mediadores do museu escolheram as obras de que gostam mais. Com a duração de 30 minutos, e interpretação em Língua Gestual Portuguesa, estão divididas por faixas etárias. Geometria e Flores na Arte Islâmica (maiores de 8 anos), a jóia A Libélula, de René Lalique (maiores de 16 anos), a pintura Sagrada Família de Vittore Carpaccio (maiores de 6 anos) revelam curiosidades e histórias que nos escapam.
Jessica Hallett, diretora-adjunta do Museu Calouste Gulbenkian, conduzirá uma visita e conversa sobre a arquitetura do edifício de linhas sóbrias, horizontais e contemporâneas, pensada para estabelecer uma relação harmoniosa entre o interior e o exterior, o betão e a Natureza (“À beira de uma janela!”, sábado, 15, às 18h30, maiores de 16 anos e adultos).

Mais prolongada, com a duração de uma hora, será a visita Vive la fête! à volta da ourivesaria francesa. O curador André Afonso explicará qual era o lugar e a função de centros de mesa, terrinas, candelabros e saleiros nas refeições e banquetes à francesa que marcaram o século XVIII. Revelará ainda quem foram os monarcas e nobres que encomendaram estas peças e os mestres ourives que as criaram.
Também neste dia, às 17h, cinco solistas da Orquestra Gulbenkian sopram trompetes e trombones, enchendo de música o átrio do museu, ponto de encontro de todas as atividades.
As obras de renovação do Museu Calouste Gulbenkian, prevê a Fundação, vão estender-se até julho de 2026. O objetivo é dotar as suas galerias de melhores condições para mostrar a coleção e receber os seus visitantes – hoje, em número muito superior ao dos anos iniciais. Quem quiser, poderá deixar uma postal para esse museu do futuro. De que vai ter mais saudades enquanto ele estiver a ser renovado?
Museu Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45A, Lisboa > 15-16 mar, sáb 10h-21h, dom 10h-18h > grátis