Será preciso esperar até domingo, 4, para ouvir a Personalidade do Ano da quinta edição do Exodus Aveiro Fest. Ragnar Axelsson, 64 anos, encerrará o festival internacional de fotografia e vídeo de viagem e aventura, que decorre a partir desta sexta, 2, em Aveiro.
No Centro de Congressos da cidade, o fotógrafo islandês vai falar sobre a sua experiência de mais de 40 anos a fotografar os lugares mais remotos do Ártico. Autor de vários livros, entre os quais Artic Heroes, está a trabalhar atualmente num projeto de três anos que documenta a vida das pessoas em todos os oito países da região.
Através do seu trabalho, sempre a preto e branco, Ragnar Axelsson tem mostrado as mudanças climáticas de uma forma subtil. “É um trabalho documental de consciencialização que encerra o festival”, resume o diretor e mentor do Exodus, o fotógrafo de viagem Bernardo Conde.
Este ano, o Exodus Aveiro Fest abre um dia mais cedo com um warm up gratuito, onde se inclui a palestra do norte-americano Rick Smolan (sex 21h30, bilhetes por ordem de chegada), que será um dos 14 oradores do festival.
Entre as histórias que Smolan contará ao público, estará com certeza a que lhe aconteceu em 1977, quando, ao serviço da revista Time, andava pela Austrália em reportagem sobre os aborígenes e encontrou uma mulher (Alice Springs) que se preparava para viajar até ao Oceano Índico com quatro camelos e um cão. A história acabaria por ser capa da National Geographic em maio de 1978, e, anos mais tarde, daria origem ao filme Tracks (2013), com Mia Wasikowska e Adam Driver.
“A missão do festival tem que ver com a valorização da vida enquanto coleção de experiências”, lembra Bernardo Conde. Daí que, no painel de oradores deste sábado e domingo, dias 3 e 4, encontraremos fotojornalistas “que fazem coberturas de acontecimentos históricos do ponto de vista social”.
É o caso de Alixandra Fazzina (sáb, 16h15), autora do livro A Million Shillings – Escape from Somalia, no qual segue a viagem (por vezes mortal) das rotas de contrabando de pessoas a partir do Corno de África. Ou do fotógrafo documental português José Sarmento Matos (dom, 15h30), a trabalhar entre Lisboa e Londres, vencedor, entre outros galardões, do Prémio Estação Imagem em 2020 com o projeto Where do I belong? Abandoning the Venezuelan Dream.
No painel de novos talentos (sáb e dom, 11h20), destacam-se outros dois fotojornalistas portugueses: Diana Tinoco e Luís Godinho, que integram a participação nacional com os fotógrafos Luísa Ferreira e Jacinto Policarpo.
Outra conversa a não perder será a de Pippa Ehrlich (dom, 17h30), jornalista especializada no campo da ciência e da conservação marinha, e co-escritora e co-diretora do premiado documentário A Sabedoria do Polvo.
Mas há outros. Desde logo, nomes grandes da revista National Geographic: os fotógrafos americanos Art Wolfe (sáb, 15h), Michael Yamashita (dom, 14h45) ou Britanny Mumma (dom, 16h45). Em Aveiro, vão estar também o holandês Pie Aerts, que documenta a vida selvagem (sáb, 19h); Art Wolfe (sáb, 15h), que se distingue pelas fotos de cor e de perspetiva de Natureza, e a premiada Beth Wald (sáb, 18h15), que documenta culturas e ambientes em risco.
O Exodus Fest contará ainda com duas masterclasses com Art Wolfe e Michael Yamashita. “A missão do festival é informar e consciencializar”, aponta Bernardo Conde, realçando tratar-se de uma iniciativa que pretende dirigir-se a todos os públicos. Apesar de muitos oradores abordarem temas como as mudanças climáticas, ou histórias de fotojornalismo, o Exodus quer mostrar que “o mundo continua a ser um sítio de excelência”.
Uma exposição com 110 fotografias da autoria dos 14 participantes do Exodus Fest pode ser vista no Centro de Congressos de Aveiro. Também pode assistir ao festival via streaming (o bilhete para os dois dias custa €40).
Exodus Aveiro Fest > Centro de Congressos de Aveiro, Cais da Fonte Nova, Aveiro > T. 234 406 300, 91 579 6086 > 2-4 dez, sex-dom > €35, €70 (dois dias); streaming €40; masterclasses €150 > exodusaveirofest.com