Durante os próximos meses, o Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian vai apostar numa programação fora de portas. O objetivo deste CAM em Movimento é chegar a mais visitantes e ensaiar novos modelos de exposição, a pensar na sua reabertura, ainda sem data, explicou Benjamin Weil, o diretor do CAM, na apresentação da iniciativa. “Queremos que a experiência da arte faça parte da vida quotidiana de todos.”
O CAM encontra-se encerrado há mais de um ano, para obras de renovação do edifício, segundo o projeto da autoria do arquiteto japonês Kengo Kuma, em associação com o arquiteto paisagista libanês Vladimir Djurovic. Além deste, também o jardim da Gulbenkian será ampliado entre a Praça de Espanha e o Largo de São Sebastião da Pedreira.
A programação “fora de portas” conta com as intervenções artísticas de Didier Fiúza Faustino e Fernanda Fragateiro em dois comboios, respetivamente, das linhas urbanas de Sintra e de Cascais e com um ciclo de vídeos da Coleção do CAM, exibidos num contentor marítimo instalado no jardim da Gulbenkian.
No seu projeto de intervenção, Fernanda Fragateiro retoma a série de obras Não Ligar, que tem como temática, à semelhança da função dos comboios, a ligação que uma linha faz entre dois pontos. As linhas de cor contíguas e estiradas entre dois pontos aplicadas sobre as quatro carruagens pretendem acompanhar as viagens dos passageiros entre Cascais e o Cais do Sodré.
Intitulada de Tatuagem, a intervenção de Didier Fiúza Faustino vestiu um comboio com uma nova pele. As quatro carruagens apresentam-se tatuadas por signos e histórias que se movem entre a paisagem e o território cruzados pelo comboio da Linha de Sintra. Uma espécie de “mapa do céu”, chama-lhe o artista, que representa essa ligação entre tempo e espaço.
Em novembro, Rui Toscano e Carlos Bunga realizarão intervenções site-specific na Praça Fonte Nova, em Benfica, e na Ribeira das Naus, respetivamente. Já o ilustrador António Jorge Gonçalves foi desafiado a intervir nos tapumes das obras, que serão colocados na Rua Marquês Sá da Bandeira. Como num livro de banda desenhada, em que o personagem principal é um pato-real (um dos habitantes mais conhecidos dos jardins da Gulbenkian), revelam-se as diversas funções e configurações que esta área da cidade já teve.
O primeiro de um conjunto de contentores marítimos que serão instalados ao ar livre em diversos pontos da cidade, numa parceria entre a Gulbenkian e a Câmara Municipal de Lisboa, encontra-se nos jardins da Fundação. Lá dentro, pode ver-se o vídeo Untitled (N’en Finit Plus), de João Onofre, que ficará até 1 de novembro, sendo depois substituído por obras de Lida Abdul (4-22 nov), Pedro Barateiro (25 nov-13 dez) e Fernando José Pereira (16 dez-3 jan 2022).
Também fora de portas, a Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, acolhe a exposição Coleção de Arte Britânica do CAM, composta por 24 obras da autoria de 16 artistas. A mostra, que reflete sobre a criação deste núcleo e a sua relação com a artista Paula Rego, pode ser vista até ao final de janeiro de 2022.