Antes de relatar a aventura, é melhor explicar o porquê do entusiasmo. Não sendo uma expert em vela, nem pouco mais ou menos, mas uma adepta de desporto em geral, de alguns em particular, tinha que aproveitar a oportunidade. Afinal, acompanhar no mar e bem de perto – num iate de 25 metros -, um dos cinco dias de regatas do Rolex TP52 World Championship Cascais e os melhores velejadores do mundo em ação, não acontece todos os dias e também não é para todos, há quem enjoe, felizmente não é o caso.
A primeira surpresa do dia teve lugar antes da partida quando o antigo velejador espanhol, Agustín Zulueta, agora CEO das 52 Super Series, nos brindou com uma visita guiada à doca onde as nove equipas participantes preparavam as embarcações. De perto, é tudo muito diferente e mais curioso. No mastro de cada barco leem-se números indecifráveis para leigos da modalidade, há velas gigantes (o mastro tem 22 metros) a serem carregadas para os barcos e geleiras cheias de comida – com alguns atletas a comer enquanto efetuavam as suas tarefas. Já eu só pensava em saltar para dentro do barco tal era a vontade de zarpar nestas máquinas capazes de superar os 20 nós.
A formação das equipas está cheia curiosidades e uma delas é que cada velejador tem que ter o peso certo, isto é, o contrato vem com a indicação do peso que este deve ter quando iniciar a ronda de regatas, um detalhe muito importante quando se constitui uma equipa que, em conjunto, deve ter idealmente 1200 quilos. Nos nove barcos participantes, oriundos de oito países diferentes, há verdadeiras estrelas da vela, como o atleta brasileiro, cinco vezes campeão olímpico, Robert Scheidt, ou Ed Baird, três vezes vencedor das 52 Super Series. Um privilégio vê-los tão de perto.
Daqui para a frente só os veríamos ao longe, já em alto mar a norte de Cascais, a preparem-se para a partida com a ajuda dos barcos de apoio, que entre as suas tarefas, têm a recolha das velas que não serão utilizadas durante a regata. Com tudo testado, e a hora da partida a chegar, os barcos iniciavam as manobras que para alguém como eu, leia-se leiga, se assemelhavam mais a uma dança ou uma brincadeira do que a uma decisão tática da maior importância.
Pelo rádio transmissor do iate The Albatroz, embarcação a partir da qual assistiria a toda a regata, ouve-se a contagem decrescente e o sinal de partida pela voz da responsável do comité de regatas Maria Torrijo. Entre manobras mais ousadas, viragens, aproximações e içar de velas – a balão leva em média dois a três segundos a içar -, lá seguiram o Quantum Racing, Azzurra, Luna Rossa, Phoenix, Alegre, Provezza, Onda, Sled e Platoon. E nós atrás, sempre de perto e entusiasmados com a classificação, muitas vezes perdidos na observação – difícil a olho nu – mas sempre a pouca distância dos monocascos.
A prova terminaria junto à baía de Cascais com a vitória do Quantum Racing, muito provavelmente a equipa vencedora do Rolex TP52 World Championship Cascais, com final marcado para este sábado, 21, e que ditará o primeiro lugar do campeonato que é decidido em Cascais – embora a prova tenha mais duas etapas no país vizinho. Aí já não poderemos marcar presença, mas fica a memória de um dia de aventura no mar de Cascais na companhia dos melhores velejadores do mundo.