Há muito que Joana Maia, psicóloga, 32 anos, e Emanuel Lopes, 33 anos, ligado à área do cinema, namoravam o quiosque “vermelho”, como é conhecido o quiosque situado na Praça Carlos Alberto, no Porto. “Queríamos este em particular, pela sua arquitetura e pela localização na praça”, explica Joana que, além de ser psicóloga, tem projetos relacionados com o turismo, como uma empresa de aluguer de bicicletas no Largo de S. Domingos. Só, em junho, depois de a autarquia ter aberto concurso para a exploração de vários quiosques abandonados da cidade, o casal conseguiu concretizar o sonho de reabrir o quiosque – classificado como Imóvel de Interesse Municipal e cujo verdadeiro nome é Ramadinha – em meados de setembro, com o intuito de apostar na “promoção de produtos portugueses”.
Estamos a falar de um quiosque com poucos metros quadrados, com esplanada, e, por isso, convém ressalvar que “só abre quando não está a chover”, alerta Joana Maia. Se assim for, pode passar por lá e beber uma ginjinha de Alcobaça com ou sem copo de chocolate (€1,50 e €2,50) que, admite Joana, “não é moda no Porto”, mas, acredita, “poderá vir a ser”.
Conte, claro, com vinho do Porto servido em garrafas de miniatura (€2,50), Favaíto moscatel do Douro (€1) e com as queijadinhas de Tentúgal (€1,50) acabadas de chegar ao quiosque. Café e chocolate quente também são servidos a pensar nos dias mais frios que se avizinham. E como é de produtos portugueses que se trata, o quiosque vende cataventos feitos em cortiça da Brincavento e antigos rolos fotográficos em versão ímanes da Setes.
O quiosque que ‘cola e deixa colar’
No lado oriental da cidade, no Bonfim, junto ao jardim de São Lázaro e à Biblioteca Municipal do Porto, o antigo quiosque de venda de jornais e revistas (devoluto há anos) foi entregue à The Worst Tours, a agência de “passeios do piorio”, criada informalmente há três anos, que quer levar as pessoas a conhecer os sítios que não estão nos mapas turísticos. Sobretudo, esclarece Pedro Figueiredo, arquiteto e um dos responsáveis, juntamente com Margarida Castro Felga (Gui) e Isabel Pimenta, também arquitetas, “não para mostrar o pior mas para pensar para a frente, no que o Porto é e no que podia ser”.
O quiosque, aberto apenas durante a tarde e enquanto houver luz do dia (porque a EDP ainda não fez a ligação da eletricidade), funciona como escritório e sede da associação sem fins lucrativos – a Simplesmente Notável – que, entretanto, fundaram. O “metro quadrado mais otimista da cidade” funciona ainda como uma espécie de mural de parede. A lógica do exterior é o “cola e deixa colar”, aberto à divulgação de informação de coletivos e associações. No interior, e além dos mapas Use It à disposição e de jornais, fanzines, pins, cartazes e serigrafias feitos pela associação, distribuem-se sugestões para passear pelo Porto. “Tem de se ultrapassar aquela ideia de que é para turistas e alinhar em perder umas horas a visitar a cidade e a pensá-la”, defendem. Os mentores da The Worst Tours querem, sobretudo, “discutir a cidade” com as pessoas que a vivem e a visitam. E o quiosque terá, pois, as portas abertas à discussão.
Quiosque da Ramadinha > Pç. Carlos Alberto, Porto > T. 91 703 3515 > seg-sáb 9h30h-18h30 > Quiosque The Worst Tours > Av. Rodrigues de Freitas, Porto > seg-sáb 14h30-18h30