A palavra “curtir” que dá nome a este Centro de Ciência Viva de Guimarães tem um duplo significado. Um, mais em voga, é uma clara apologia da brincadeira e da aprendizagem. O outro remete-nos para uma atividade atualmente inexistente mas que juntou, naquele mesmo lugar, junto ao rio de Couros, homens e mulheres a “curtir” as peles, à semelhança de quatro dezenas de indústrias da região. É que é mesmo na antiga Fábrica de Curtumes Âncora, onde se curtiam, surravam e secavam as peles, que acaba de abrir o vigésimo centro da Rede Ciência Viva do País, um projeto da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, em parceria com a Universidade do Minho e a Câmara Municipal de Guimarães. O projeto do designer Henrique Cayatte manteve a traça da arquitetura pré-industrial do edifício (a zona faz parte da candidatura de alargamento da área classificada pela UNESCO), com a preservação da pedra e das janelas em ripados de madeira para a secagem das peles.
Nos sete módulos que fazem parte do Curtir Ciência, Centro de Ciência Viva de Guimarães (comunicação, museu, engenharia civil, domótica, robótica, reciclagem, realidades virtuais), tanto podemos falar através de antigos tubos falantes, usados no século XIX para comunicar entre diferentes zonas dos navios, como “viajar” até ao espaço e simular uma conversa entre Terra e Júpiter. Surpreendido? Então imagine quando assistir, mais à frente, na robótica, a um robot a ordenar um cubo mágico ou a dar uma tacada de golfe. Uma das particularidades deste centro é, aliás, esta ligação à tecnologia do futuro, resultado da parceria com a Universidade do Minho. Miúdos (e graúdos) percorrem uma casa inteligente, percebendo como a domótica pode ser responsável pela gestão de recursos de uma habitação inteligente. Desde a poupança de eletricidade, aproveitando a luz natural, ao funcionamento de eletrodomésticos por controlo remoto. E como falar do futuro é cuidar o presente, o módulo dedicado à reciclagem convida-nos a assistir à transformação de uma garrafa de água de plástico num porta-chaves, observando os processos de granulação, separação e injeção (que transforma o material numa pasta líquida depois de submetido a uma temperatura elevada). E se, lá fora, se escuta o som das águas do rio de Couros, aqui dentro ficamos a saber como pode medir-se o som das nossas palavras em decibéis. Neste centro que é, sobretudo, uma casa de ciência, há ainda espaço para laboratórios de robótica e de engenharia química que pretendem desenvolver um plano de atividades regulares. A possibilidade do visitante participar nas diferentes experiências é, aliás, uma das mais valias deste Curtir Ciência. “Queremos ser uma aposta na formação e no conhecimento” – não se cansa de dizer o diretor, Sérgio Silva. E nós, que também aprendemos durante a visita, não duvidamos.
Curtir Ciência – Centro de Ciência Viva > R. da Ramada, 166, S. Sebastião, Guimarães > T. 253 510 830 > ter-sex 10h-18h, sáb-dom 11h-19h > €2,50 (3-5 anos), €3 a €3,50 (>6 anos), €8 (pack família)