A nostalgia dos tempos idos, que no futuro sempre nos parecem mais idílicos, é habitualmente um bom manancial para canções. Especialmente quando mesclada com as incertezas do presente e as dores de crescimento – literais e metafóricas – de uma banda com apenas seis anos, mas já com muito para contar. Inicialmente compostos pelos primos Guilherme Tomé Ribeiro (guitarra e voz) e Luís Montenegro (teclas), os Salto saltaram logo para a ribalta em 2012, com um aclamado álbum de estreia homónimo e entrada direta para alguns dos maiores palcos nacionais.
À dupla juntaram-se, entretanto, o baixista Filipe Louro e o baterista Tito Romão, que já participaram no segundo álbum, Passeio das Virtudes, um disco de quase rutura com o passado, com o pop funk inicial a dar lugar a ambientes mais rock. Desta vez, e depois de dois anos trancada em estúdio, a banda parece ter encontrado finalmente a fórmula certa para a sua música, agora assumidamente mais orgânica mas também muito mais contemplativa. Neste disco, os Salto encontraram finalmente um território só seu, algures entre a pop mais onírica e o rock mais sólido, mas com espaço para fazerem tudo o que bem lhes apetecer.