Era ainda adolescente, quando, em meados dos anos 90, NBC se deu a conhecer, como membro do grupo Filhos de um Deus Menor. Vivia-se então a explosão do hip-hop nacional e logo chamou a atenção, não só pela potência da sua voz, mas também pelo modo como levava as suas rimas e batidas para territórios mais funk e soul. Um apurado sentido histórico e estético que, ao longo das últimas duas décadas, acabaria por se tornar numa espécie de marca de água deste cantor de origem são-tomense, crescido em Torres Vedras.
Já em 2008, aquando da edição do segundo álbum de originais, Maturidade, virava as agulhas para uma “sonoridade mais orgânica”, como então dizia em entrevista à VISÃO: “O meu objetivo é fazer música para um público cada mais abrangente”. E é isso mesmo que é este novo Toda a Gente Pode Ser Tudo, um disco, este sim, de plena maturidade, onde NBC se apresenta completamente despido, de uma forma pessoal e autobiográfica, quase como um balanço de carreira. “Depois de 15 anos sem certeza se era bom, (…) a vontade falou mais alto, é desta vez que eu salto e vou cantar como os anjos no céu”, canta, com uma voz poderosa e aveludada, num registo intimista, apenas acompanhado de um saxofone e de um piano na Intro de abertura do disco.
Está assim dado o mote para um trabalho inspirado na música negra dos anos 70, no qual se misturam soul, funk, rap, r&b e spoken word, que o confirma, acima de tudo, como um artista do seu tempo, a fazer lembrar nomes como Frank Ocean ou D’Angelo, muito embora, neste caso, as comparações pequem por defeito, porque NBC, como depressa se compreende mal se começa a ouvir Toda a Gente Pode Ser Tudo, há só um. E é nosso.
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