A poucos quilómetros do centro de Guimarães, seguimos por uma alameda, ladeada de cedros, sobreiros e carvalhos, até à Casa de Sezim, com a sua fachada monumental, debruada a granito, a receber quem chega. Foi por doação real que, no século XIV, a propriedade com 75 hectares – 32 plantados com vinha, os restantes ocupados por bosque e jardins – entrou na família dos atuais proprietários. A configuração do paço, em “u” e com um terreiro fechado, resulta de sucessivas construções. “Começou pela torre, depois surgiram as salas, onde estão os papéis pintados, e no século XIX foram construídas as alas laterais”, conta José Paulo Mesquita, um dos membros da família, responsável pela Casa de Sezim.
As histórias da Casa Grande, como também é conhecida, sucedem-se, mas são os papéis de parede, e a beleza dos seus cenários pintados na Zuber, a mais antiga fábrica de papel do mundo, com sede na Alsácia (França), que criam um ambiente único. Uma escolha do pintor suíço Auguste Roquemont, responsável pelas obras, no início do século XIX. “Nunca foram restaurados, estão como quando foram colocados em 1840”, diz José Paulo. Há paisagens de lugares famosos da costa dos EUA, como as cataratas do Niágara e o porto de Boston. “Este papel é igual a um que está na Casa Branca, escolhido por Jackie Kennedy para a sala dos diplomatas”, conta.
À beleza dos papéis Zuber, junta-se a arte de bem receber, neste alojamento de oito quartos, decorados com objetos e mobiliário antigos. Antes de nos sentarmos na sala – um lounge-bar com lareira, junto à biblioteca, onde é servido o pequeno-almoço –, espreitamos a capela e a varanda, que acompanha toda a parte de trás da casa, com vista para o jardim. Atento, e sempre pronto para a brincadeira, Guri, o cão da quinta, segue os nossos passos. Ali, ao final da tarde, na paz do campo, prove-se um vinho da casa.
Casa de Sezim > R. de Sezim, Guimarães > T. 253 523 000 > a partir de €120
Aqui à volta
História e Natureza, em Guimarães
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