Apesar de existente, a placa que indica Relógio Slow Retail ainda passa despercebida a quem se cruza com este edifício histórico, numa esquina da Praça 5 de Outubro, junto à Câmara Municipal de Cascais. O prédio, que tem na fachada principal duas torres sineiras, as armas de Portugal e um relógio (daí a designação), abriu no início de dezembro com o piso térreo transformado numa concept store, que se descobre como se de uma matriosca se tratasse.
Fazemos a primeira paragem na Niccoló. A atenção detém-se em coisas diferentes consoante a porta por onde se entra (há duas). De um lado, está a lustrosa máquina da torra de café que, quando está ativa, liberta o aroma a café no ar. Do outro, a vitrina do balcão exibe outra especialidade, o chocolate, em 12 variações, com pimenta e flor de sal, de leite com milho tufado ou de cacau cru, por exemplo. “É feito com grãos de São Tomé e Príncipe”, diz Niccoló Corallo, que, com o pai Cláudio e a mãe Bettina, aprendeu a mestria do fabrico de chocolate artesanal. Aqui, o café é servido com um pedaço escolhido pelo cliente. Para casa, podem levar-se não só chocolates mas também café torrado em grãos ou moído.
A primeira loja da Origem está de janela aberta para a rua, num convite à descoberta dos óculos de sol e óticos da marca. São feitos com armações de bambu e lentes polarizadas de alta qualidade, um projeto fundado por Pedro Romão. Se dermos um passo em frente, literalmente, estamos na sala onde se instalou A Indústria, com acessórios e vestuário para homem, mas igualmente usados por mulheres. A oferta inclui t-shirts, camisas ou polos, confecionados a partir de tecidos que sobram na indústria têxtil e com vários pormenores, mas também mochilas, sacos de viagem, carteiras ou porta-cartões em pele e com a possibilidade de serem personalizados com gravação – tudo feito com processos de fabrico tradicionais, graças à paixão de Denise Lemos, a fundadora da marca.
As joias de Helena Lopes Cardoso (HLC) não podiam estar mais bem apresentadas neste Relógio Slow Retail. Uma das salas ainda ostenta o cofre antigo destas instalações que outrora funcionaram como sede do concelho. É aí, nesse cantinho mais recatado, que uma vitrina exibe as peças em ouro. Noutra zona, mostram-se as novidades mais recentes, como a pulseira Ocean’s Treasure, com safiras sintéticas coloridas, e o colar Corallo, feito em coral 100% natural, a par de outras pulseiras e anéis em prata e prata dourada. Os cabides costumam estar impecavelmente alinhados por Taryn, a funcionária sorridente que recebe os clientes da Papua, outra marca portuguesa a ganhar morada em Cascais. Dedicada ao vestuário feminino e swimwear, tem peças de inspiração boho, descontraídas, com um toque diferenciador. Os vestidos, calças ou tops tanto se usam num dia de trabalho como numa ida à praia, neste caso a combinar com um biquíni da marca.
Na última sala, ou na primeira, dependendo por onde se entra, está a Saints at Sea, um projeto inspirado no slow living e nos rituais diários. Nascido na Ericeira pelas mãos de Petrina Reddy, apresenta-se em Cascais com uma série de objetos decorativos, como cerâmicas, candeeiros e telas assinados por vários artistas e artesãos, além de velas e almofadas que convivem com as pranchas e t-shirts da Magic Quiver, de Mario Wehle, marido de Petrina. Também há quimonos, jaquetas e calças, entre outras peças de vestuário confecionadas em musselina, linho e seda, produzidas na Ericeira e que apetece levar para casa a cada visita.
Relógio Slow Retail > Pç. 5 de Outubro, 75, Cascais > seg-dom 11h-14h30, 15h-19h30 > Niccoló > seg-dom 10h-18h