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1. Näz
Durante os estudos na Covilhã, na Universidade da Beira Interior, eram regulares os contactos com a indústria. Quando criou a Näz, em 2016, as questões sociais revelaram-se uma prioridade para Cristiana Costa, 23 anos, ciente de que muita da produção de vestuário era feita em condições de trabalho muito precárias. As preocupações ambientais vieram a reboque e foram, segundo a criadora, inevitáveis no contexto atual. Com uma empresa na Covilhã, Cristiana desenvolve tecidos 100% reciclados (iniciativa que valeu à marca uma menção honrosa do prémio Terre de Femme, da Yves Rocher) e trabalha com pequenas fábricas nacionais, escolhidas a dedo, onde consegue acompanhar o processo de produção. Lançada no mercado em 2017, a Näz tem, hoje, peças à venda em várias lojas nacionais e europeias (além do site da marca). “Em Portugal, as marcas sustentáveis são mais recentes, mas tem crescido a sua aceitação. No estrangeiro foi muito fácil, há várias lojas direcionadas para este tipo de produto”, diz. O número de consumidores portugueses também tem aumentado, apesar de considerarem estas peças caras. “Têm um preço justo, porque quem as confecionou recebeu um salário justo”, sustenta. Como defesa, aponta a maior durabilidade e a qualidade superior em comparação às grandes cadeias internacionais. O próprio design minimalista da Näz, aplicado às camisolas e vestidos em cupro com manga de quimono, calças e macacões (€96) em linho, foi pensado para reduzir os custos da produção.
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Todas as malas da António têm um nome e são montadas e aprimoradas pelas mãos de habilidosas artesãs
2. António
O nome desta marca portuguesa, António, é um elogio ao fundador de uma empresa produtora de marroquinaria há quase 40 anos. “Costumamos dizer que é uma homenagem à nossa história, ao nosso pai. Um elogio ao belo e à simplicidade do ser desenhada para ser elegante e intemporal, assente numa filosofia ética e sustentável”, afirmam as irmãs Ana e Sara Mateus, designers (de moda e gráfica). “Como matéria principal, usamos pele de curtimenta vegetal, ou seja, de tratamento à base de água e de extratos de plantas, cujos efeitos não são agressivos ao meio ambiente. Já os forros são feitos em algodão, e os acessórios metálicos não têm níquel”, diz Sara. “A maioria das marcas usa pele de curtimenta a crómio, cuja base são produtos químicos, talvez por esta ser muito mais barata”, acrescenta Ana. “Afirmamo-nos como uma marca slow fashion. Uma mala António pode atravessar gerações, porque é pensada para durar”, justificam as irmãs. Por esta razão, apela-se também à compra consciente: “Comprar menos, escolher bem, fazer durar. Qualidade, não quantidade”, disse a designer Vivienne Westwood. Todas as malas têm um nome e são montadas e aprimoradas pelas mãos de habilidosas artesãs. À venda nas lojas The Feeting Room, em Lisboa e no Porto, no Cais Àporta, em Aveiro, e nas lojas online mintysquare.com e www.antonio-handmadestory.com.
3. daniela.
Saturada com o que encontrava no mercado, a designer de moda Daniela Duarte decidiu criar peças a partir de tecidos esquecidos, encontrados no comércio tradicional e combinados com tecidos atuais. O interesse crescente pelas camisas descontraídas (€60-€70), de cores arrojadas, fê-la avançar, em 2010, com uma marca própria, a daniela. (lê-se daniela ponto final). Entretanto, nasceram outras peças para vestir, únicas ou de produção muito limitada. À venda em www.danielapontofinal.com e em algumas lojas espalhadas pelo País.
4. Saponina
Foi com o nome de uma molécula que faz naturalmente espuma, a saponina, que Liliana Dinis, 45 anos, batizou a sua marca de cosmética natural. Formada em cosmetologia, trabalhou em várias marcas até que, em 2017, se dedicou de corpo e alma a um hobby de vários anos – desde que descobriu que a filha, na altura ainda pequena, tinha pele atópica. “O que lhe receitavam não fazia efeito. Com a formação que eu tinha, criei uma alternativa natural: uns sabonetes suaves, ricos em azeite e manteigas”, explica. Mais tarde, Liliana desenvolveu outros produtos, sempre focada no desperdício zero e na utilização de matérias-primas de qualidade. A linha de cosmética natural (€3-€14) é composta, além dos sabonetes (feitos com o método de saponificação a frio, precisam de cerca de 40 dias de cura), por desodorizantes, dentífricos, óleos de corpo (pressão a frio), champôs sólidos, velas de soja e, em breve, amaciadores de cabelo sólidos. As encomendas são feitas no Facebook e no Instagram da marca.
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5. Ideal & Co
A sustentabilidade está desde o início no ADN da Ideal & Co. Criada em 2012 por José Lima e por Rute Vieira, a marca produz mochilas, sacos de viagem (€595), carteiras e acessórios, em pele de curtimenta, 100% vegetal, e lona, feita em tear. “Fazemos questão de utilizar matérias-primas ecológicas de qualidade, duráveis, que, associadas ao design e à mão de obra especializada dos artífices, resultam em peças únicas, intemporais, passando de geração em geração”, explica José Lima. À venda no site www.idealandco.com e em lojas no Porto, Lisboa, Faro, Caminha e Braga.
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6. Zouri Shoes
Os designers Adriana Mano e António Barros começaram por imaginar um calçado inteiramente de plástico, recolhido nas praias de Esposende, mas perceberam que teriam de combiná-lo com outros materiais. Orgânicos, pois claro, como o pinatex (feito de folhas de ananás), a cortiça e a borracha natural. Criaram três modelos (para homem e mulher) de sandálias e chinelos, simples e confortáveis, inspirados na cultura japonesa. Nesta sexta, 1, lançam uma campanha de crowdfunding em que os interessados podem encomendar as peças a um preço mais acessível (€60-€70). À venda na loja online http://zourishoes.com/
7. Guapa
A história da Guapa, marca de acessórios fabricados com materiais ecológicos, começa com uma bicicleta em bambu, que pode ser encomendada, tal como os bonés, na loja online. Feitos em algodão, lã ou ganga ecológicos e com palas amovíveis em bambu, laminado de madeira ou resina (que se mudam através de um sistema de velcro), os bonés estão disponíveis em várias cores e permitem dezenas de combinações diferentes (a partir de €45).
8. Cleonice
Cupro, uma fibra feita com os desperdícios de algodão, e um tecido de malha leve, recuperado das sobras de outra marca portuguesa, foram os materiais com que Kaleigh Tirone Nunes, 29 anos, produziu a primeira coleção da Cleonice. A marca, lançada em 2016, utiliza apenas estas matérias-primas, e as peças são feitas por encomenda, garantindo-se assim que todas são vendidas. Também as saias, calças, tops (€80) ou casacos, por exemplo, que servem de amostra, são produzidos no tamanho de Kaleigh, e é ela que os usa depois de serem apresentados. À venda em www.cleonice.me.
9. Le Petit Chiffon
Nas peças de roupa que cria para crianças até aos seis anos, Rita de La Blétière, a mentora de Le Petit Chiffon, usa apenas o algodão 100% biológico, produzido no Norte de Portugal. “Não tem químicos, o que é melhor tanto para o meio ambiente como para a pele do bebé”, diz a criadora da marca portuguesa lançada em dezembro de 2015. Este verão, aos pijamas, tocas, bodies e babygrows, acrescentam-se camisas feitas a partir de fibra de leite e de bambu, dois materiais comprados na Índia, um dos maiores fornecedores de tecidos orgânicos. À venda no Quiosque das Bonecas, em Lisboa, e no site www.lepetitchiffon.pt.
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Divulgacao
10. Tomaz
Quando achou a lona que aqui se vê na imagem, Eliana Tomaz ficou duplamente contente. Tinha encontrado o tecido que tanto queria para dar início à nova coleção Organic and Stylish. E, depois, aquela risca branca parecia mesmo talhada para a marca que sempre teve um “fraquinho” por riscas e por preto e branco. Será a partir deste rolo que, em breve, a designer criará o seu novo saco, 100% orgânico. A ideia é que esteja pronto a 30 de junho, a tempo do terceiro aniversário da Tomaz (www.tomazdesign.com). Eliana diz que, quando tomou a decisão de fazer a Organic and Stylish, se viu obrigada a “repensar as prioridades e todo o design”. “Não posso usar pele, não posso usar forro, não posso usar metais para não haver incongruências. É desafiante, claro, mas também é muito gratificante: Levanto o braço e digo: ‘Eu incentivo a diferença’”, explica. E continua: “A oferta de tecidos orgânicos é muito escassa, mas não devemos desistir. É importante pedir certificados que demonstram que o material é orgânico e estar atento às lacunas do sistema. Por exemplo, não há legislação mundial que proíba o uso das palavras ‘orgânico’ e ‘bio’ se os produtos não tiverem tais ingredientes.” Eliana salienta ainda o facto de a Tomaz ser uma marca “amiga do ambiente”, na medida em que cria produtos que passam de geração em geração e em que produz “conscientemente”, consoante as encomendas.
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Luis Barra
11. Organii
A mais recente novidade da Organii, das irmãs Cátia e Rita Curica, é uma linha própria de cosmética biológica: a Unii – Organic Skin Food. Na loja da Lx Factory já se encontram disponíveis alguns produtos, como os dois óleos de corpo – laranja-doce e comfort winter (€13/100g) –, vendidos a granel, e as sete variedades de sabonetes de corpo artesanais (€4,50 cada).
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12. Mazurca
Em 2014, a carreira de Sara Esteves deu uma viragem completa. Abandonou o doutoramento em Biologia e começou a explorar outras áreas. O destino levou-a à produção têxtil, artesanal, em tecidos de origem natural, maioritariamente em linho (mas também em algodão e em juta) feito de forma tradicional, em Ponte de Lima, ao qual aplica estampagens manuais, com motivos botânicos e animais. As malas e sacos (a partir de €40) são as peças-chave (blusas e lenços, em menor número) e estão à venda no site da Mazurca e em algumas lojas de Lisboa.
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13. Bamboo&Love
Nas coleções da Bamboo&Love, feitas com fio de bambu, desde os recém-nascidos até aos 12 meses, há sempre calças, fofos, casacos em tricot, blusinhas em malha, mas também meias e toucas. “O fio de bambu é sustentável e amigo do ambiente, uma vez que não utiliza pesticidas e tem um crescimento rápido, não necessitando de rega”, explicam as irmãs Mariana e Carolina Palmeiro que criaram a marca em 2015. À venda na Organii Concept Store, em Lisboa, e na Babyboom, no Porto.
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