Onde antes se vendiam cadernos e papéis, agora brilham joias delicadas, simples e luxuosas. Nem é preciso tomar nota do número de porta do Prédio António Enes Bagana, do arquiteto Marques da Silva, na Rua do Rosário – basta procurar a montra onde mais pessoas colam o nariz ao vidro. É irresistível, a nova loja de Liliana Guerreiro. Depois de expor no MoMa e de ver as suas joias à venda no Museu de Arte e Design, ambos em Nova Iorque, de estar presente em mais de vinte lojas espalhadas pelo mundo e, já este ano, ter sido convidada para a feira Baselworld, na Suíça, a designer acreditou estar na hora de dar este passo. “Não foi nada muito programado, embora o projeto tenha alguns anos”, diz Liliana Guerreiro.
Em colaboração com o Atelier da Bouça, da irmã Filipa Guerreiro e do cunhado Tiago Correia, criou montras, sem alterar a configuração da loja, a cor das paredes e até o efeito de dois grandes espelhos, que dão “abertura e profundidade” ao espaço. Numa parede, desfilam as coleções, em vitrinas, formadas por cubos de vidro amovíveis e pequenas gavetas. É para uma mesa comprida com cadeiras que se convidam os clientes que querem experimentar as joias.
Depois de Colors, a primeira coleção lançada há 15 anos – que tem agora 30 cores e permite 56 mil combinações, em anéis, alfinetes, colares e brincos –, Liliana Guerreiro encontrou na filigrana inspiração para o seu trabalho. Distinguida, este ano, com o prémio para Melhor Peça de Joalharia, na feira Inhorgenta, em Munique, a designer desconstrói a técnica tradicional da filigrana, criando joias contemporâneas de linhas delicadas e elegantes, nas coleções Estrutura, Malha, Cheio de Ramo, Herbário e Bocais. “É um trabalho de equipa feito à mão, a partir do fio, com os mestres artesãos Guilherme e Joaquim Rodrigues”, descreve. “Cada peça é única.” Sem modificar as formas da filigrana, Liliana Guerreiro procura sempre uma linha de simplicidade, à margem de modas e tendências.
Liliana Guerreiro > R. do Rosário, 129, Porto > T. 96 499 4370 > seg-sáb 10h-20h