Podia ter sido batizada com o nome da editora Orfeu Mini, que lhe deu vida, mas isso seria centrar a atividade da nova livraria nos seus livros, e esse não era o objetivo. Podia ter-se chamado Gnomo, porque é daquelas palavras que agradam a Carla Oliveira, a editora da Orfeu Negro e da Orfeu Mini. Também podia ter sido dragoeiro – árvore exótica que existe na Madeira, nas Canárias e que tem uma representante no jardim do Príncipe Real, em Lisboa – ou embondeiro.
Nesta pesquisa, fazia sentido ligar livros e natureza porque, para todos os efeitos, o papel vem das árvores, pensava Carla. Embondeiro é demasiado comprido e chegar a baobá acabou por ser mais rápido do que pensava, resolvendo-se assim o seu problema. A nova livraria, dedicada à ilustração, seria Baobá, como a árvore que, segundo as lendas, desafiou os deuses por parecer, que ao contrário de todas as outras, tem as raízes viradas para o céu.
As lendas à volta deste castigo dariam vários livros, mas na Baobá (a livraria) não há nenhum sobre o assunto. Há sobre muitos outros, todos eles desenhados, pintados, ilustrados, com histórias para miúdos, para um público mais juvenil e também para adultos. O espaço, dividido como uma verdadeira casa (que era), com sala, corredor, cozinha, quartos e marquise, presta-se mesmo a que cada leitor, independentemente do seu gosto e idade, se vá instalando onde se sente melhor… e vá ficando.
A primeira sala é a que tem mais livros mas, se se conseguir afastar das estantes e passar para o lado de trás da livraria, não se há de arrepender. Para lá do corredor, iluminado com chapéus de coco, como num quadro de Magritte, há uma antiga cozinha. Pode sentar-se sob a chaminé e passar os olhos por um Tintim, livros do Jimmy Liao ou outros, dirigidos a um público juvenil ou mais crescido; na sala ao lado, contam-se histórias todos os sábados; e, mais ao fundo, as paredes estão cobertas de ilustrações, como numa galeria.
Se estiver bom tempo, depois da marquise, ainda há um pátio no meio de um jardim. Por todos estes sítios, encontrará livros ilustrados – da Orfeu Negro, Orfeu Mini, Pato Lógico, Tcharan, Bruaá, Planeta Tangerina, Kalandraka, Gatafunho, Caminho, Barca do Inferno, Edicare e de outras tantas editoras.
Na Baobá, haverá sempre livros do mês, a preços especiais. Em dezembro, serão Como Apanhar uma Estrela e Barriga da Baleia. Além disto, e até ao fim do ano, aos sábados e feriados, às 16 horas, haverá leitura de histórias, apresentação de livros, de máquinas de tipografia antigas e outras atividades que tais.
Baobá > R. Tomás da Anunciação, 26B, Lisboa > T. 21 192 8317 > ter-sáb, 10h-19h30 > estarão abertos nos dias 1 e 8 (feriados) e 18 de dezembro (domingo)