Ainda temos os pratos vazios, mas o chefe Tanka já anda a cirandar pela mesa com a sua menina nas mãos, embrulhada num guardanapo de pano branco e em cima de uma cama de arroz para lhe preservar a humidade. Imaginamos que este nepalês, radicado em Portugal desde 1999, terá cuidado dos filhos com tanto carinho como segura agora a trufa-branca de Alba, que há de cair em cima de uma gema de ovo, num tajarin com manteiga e queijo ou num muito jovem escalope de vitela tenríssimo. “Este ano, só há 20% da quantidade habitual, culpa das condições climatéricas. Por isso, o preço subiu para oito mil euros o quilo. E nós aqui, durante a época da trufa, gastamos cerca de um quilo por noite”, avisa-nos, para que saboreemos a sorte de a termos no prato com toda a propriedade.
A ementa deste ano não foge à de outras épocas (Tanka faz estes jantares trufados desde 2007). Há os ovos mexidos (€34,90), os cozidos durante uma hora (€34,90), os ravioli (€41,90), o risotto (€41,90), o tal esparguete fininho e a carne que se desfaz (€49,90).
Antes que pegue no telefone, avisamos: desde setembro que as reservas para este festival não param; por isso, já não existem mesas livres. “Há clientes que choram de felicidade. Nunca provei droga, mas isto droga as pessoas”, remata o chefe. De facto, a nós chega-nos uma lagrimita ao olho, depois de tanta trufa.
Come Prima > R. do Olival, 258, Lisboa > T. 21 390 2457 > seg-sáb 19h-22h30 > até 4 dez, jantares com música italiana de Donatello Brida