Podem parecer diferentes do que estamos habituados a ver num restaurante japonês – mas, nem por isso, os novos pratos do Avenida SushiCafé, em Lisboa, deixam de ser clássicos no seu país de origem. São receitas tradicionais de família, algumas terminadas à mesa pelo próprio cliente. Umas chegam em caixas fechadas, a lembrar bonitos guarda-joias, outras em pequenas panelas de cerâmica, e a única que só é feita por reserva, o sukiyaki (€40/2 pax), é apresentada num pote preto de ferro fundido. Comecemos por essa, uma espécie de fondue japonês que requer alguma logística, pois para a mesa vem um pequeno fogão com chama. Dentro do pote está o conduto (cogumelos, couve, cenoura, tofu grelhado, espinafres, courgete) ao qual é acrescentado um saboroso caldo de soja com mirim e caldo de peixe, massa shirataki e fatias muito finas de carne de vaca. Ao lado do prato colocam-se duas taças, uma com um ovo inteiro cru (para ser batido) e outra com molho de sésamo – tudo o que sai do pote deve ser passado nesta combinação de texturas e sabores.
Outro caldinho, o dote nabe (€16) também é finalizado à mesa. Aos cogumelos shitake e pleurotus, massa shirataki, tofu grelhado, ostra, mexilhão, couve chinesa e konhaku, uma gelatina feita da raiz da batata konjac, é preciso acrescentar a pasta de soja fermentada que vem no rebordo da panela redonda (nabe don). É a forma de temperar o caldo ao nosso gosto. Quentinho e para sorver com barulho, como se faz no Japão.
Dos cinco novos pratos, os caldos são os mais tradicionais, mas todos levam a marca do chefe Daniel Rente, apaixonado pela cozinha japonesa. “Gosto do tradicional, mas com inovação”, diz. O chefe que começou no Midori, há muitos anos, quando o hotel Penha Longa pertencia ao grupo West In, o que lhe proporcionou um estágio em Osaka, lembrou-se de fazer umas caixinhas -surpresa. O katsudon (€13) tem arroz na base e panado de porco. Simples, mas bem apaladado com ovo batido, cebola, cebolo e gengibre. Considerado “prato de culto” na gastronomia japonesa, o unaju (€18) também tem arroz na base, com a enguia de água doce, primeiro cozida a vapor e depois grelhada, a brilhar na caixa (ju). Muito presente na ementa japonesa, a tempura ganha novo fôlego com a ebi kakiage (€12). Vamos chamar-lhe patanisca só para facilitar. Mas é um novelo de legumes (batata-doce, cenoura e courgete) com camarão e alga, também servido com arroz. Ao contrário dos portugueses, que preferem um frito crocante, os japoneses passam a tempura no molho tentsuyu (caldo de peixe, soja e molho mirim). Façamos como manda a tradição.
Avenida SushiCafé > R. Barata Salgueiro, 28, Lisboa > T. 21 192 8158/ 91 485 9526 > seg-sáb 12h30-15h30, 19h30-23h, qui-sáb até 24h