Não se aceitam desculpas… Nada de pés de chumbo, falta de ouvido, dois pés esquerdos… Com um pouco de esforço e dedicação todos os entrevistados o repetem qualquer pessoa pode aprender a dançar. Mesmo que o estilo não seja propriamente de fácil aprendizagem…
Parece ser esse o caso do ragga, uma dança surgida em inícios dos anos 80, na América, inventada por um jamaicano. Pesquisando um pouco sobre a sua linhagem, chega-se à conclusão de que o ragga será “filho” do reggae. A transição de um para outro terá ficado a dever-se à introdução do digital…
Lucie Ferreira, 31 anos, foi uma das pioneiras no ensino deste estilo no Porto, onde leciona desde 2001. Comparado com o reggae, o ragga – explica – “é mais acelerado, tem uma batida diferente, constante, parecida à da kizomba“.
A professora vem do hip-hop. Cresceu a ouvi-lo e a dançá-lo em Paris, onde viveu até aos 14 anos. Quando, tempos mais tarde, conheceu o ragga, deixou-se contagiar: “Mexeu comigo de uma forma que o hip-hop não mexia. Vi uma dança mais feminina, mais africana”, recorda.
Ao assistir a uma aula, salta à vista o contraste entre as calças de fato treino, os casacos largos e os movimentos sensuais que se desprendem daqueles corpos dir-se-ia feitos de borracha… A justificação para as mãos abertas, os movimentos de baixo para cima, as costas curvadas, próximas do solo, está “na crença dos escravos africanos, que iam buscar as energias à terra para agradecerem aos deuses”, explica Lucie.
O mais importante, no ragga, é o movimento de ancas e as pessoas perceberem o seu corpo. “Quem não estiver à vontade com o corpo, chega aqui e não tem tanta facilidade em fazer certos movimentos”, nota Marta Areias, 19 anos. Ela e a irmã gémea, Sofia, dançam ragga há uma década e não escondem a dificuldade. “Mas a prática leva à perfeição”, incentivam. E já convenceram a irmã mais nova, de 11 anos, a seguir-lhes os passos.
Raquel Faria, 17 anos, despertou cedo para a dança. Começou pela rítmica, passou pelo hip-hop, mas tem no ragga o estilo de eleição: “A dança em si já é a arte da sedução e o ragga é mesmo muito sensual”, partilha. Acha graça, em especial, a conjugar essa “sensualidade com o ar de mazona”. Revela que, além da aula de uma hora semanal, treina em casa.
Sem esforço: “Fascina-me dançar um pouco de tudo dentro do mesmo género (hip-hop, danças africanas…) e constatar que consigo fazer coisas que nunca imaginei.” Pela idade e género das entrevistadas não se pense que é uma dança só para jovens.
Lucie tem alunos entre os cinco e os 56 anos, alguns do sexo masculino. Ela garante que o ragga não é forçosamente sensual: “Depende do feeling, da bagagem emocional de quem o dança”, julga. Gosta de metaforizar com a escrita: “Somos uma caneta, a dança é a nossa escrita. Podemos fazer o mesmo movimento, mas a caligrafia é diferente.”
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