Harlem, Nova Iorque, anos 20/30 do século passado. Se o lindy hop tivesse bilhete de identidade, estes eram dados que dele constariam obrigatoriamente. Dançado ao som do swing das Big Bands, o lindy, como é carinhosamente tratado, nasceu de uma mistura de outras danças, como ocharleston ou o sapateado.
Quem quiser espreitar os primeiros passos da dança, pode ir ao youtube, escrever “After Seben” e já aí perceberá o ritmo e a energia contagiantes do lindy, que brancos e negros dançavam, aos pares (embora tenha partes a solo) ao som das big bands, no histórico Savoy Ballroom.
Abeth Farag, 35 anos, gosta de usar nas aulas as músicas mais antigas, de finais dos anos 20 até aos anos 40: “O jazz daquele tempo tem mais emoção, brincadeira, personalidade “, justifica em português, com um musical acento californiano. Veio para o Porto há dez anos ensinar inglês e a falta da dança que aprendeu em São Francisco conduziu-a, também, ao ensino de lindy hop.
Começou por ter um grupo de seis a oito pessoas, em 2009, hoje calcula que haja, entre o Porto e Lisboa (onde se desloca todas as semanas para ensinar a dança), cerca de 200 bailarinos ativos. “Demorou um ano e meio a pegar. Hoje é fácil abrir uma turma de iniciação”, transmite.
Em seguida, Abeth pensou que não tinha piada para quem aprendia o lindynão ter onde o dançar. Começou, então, a organizar festas. Dois sábados por mês, o salão dos Maus Hábitos, no Porto, transporta qualquer um para a América dos anos 30/40. Os dançarinos vestem-se a rigor – eles com calças vincadas, suspensórios ou laço, elas com saia às pregas e às bolinhas – e o espetáculo é não só para quem dança, mas para quem vê…
Começar, diz a professora, é fácil. No início, “a dificuldade está em libertar o ritmo do corpo, é preciso estar relaxado”. Mas, depois de três ou quatro meses, prossegue Abeth, “dá trabalho”. Ricardo Almeida, 33 anos, confirma: “É exigente, mesmo fisicamente, mas depois é um exercício divertido, rimo-nos muito”. Tal como ele, Renata Mota, 32 anos, nunca tinha ouvido falar no lindy. Ambos foram desafiados por amigas. “As festas são muito animadas, quem vem a uma fica convencido”.
Foi assim com ela. E não apenas pelo ritmo: “Há todo um imaginário que é cativante.” No início, confessa Renata, a parte social intimidou-a um pouco: “mas depois tira-se prazer desse lado à medida que se vai ganhando confiança “. O importante é aprender a linguagem, acrescenta Ricardo: “Primeiro aprende-se o ABC, depois começa-se a montar palavras e, a partir daí, pode-se dizer aquilo que se quiser “. Através de sinais e passos, o par consegue comunicar, passar para o improviso.
Renata garante que “não é preciso dançar muito bem para se dançar socialmente”. Mas atenção, pode ser viciante: “No verão não se consegue parar!”, alerta Ricardo.
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