Longe vão os tempos em que Zeca Afonso aqui ensaiou algumas músicas ou que escritores e estudantes universitários, ali se juntavam a debater a cidade, o País e a incontornável vida académica.
Depois de ter fechado há 17 anos e ter acolhido uma loja de roupa, o velhinho café A Brasileira, nascido em 1928 em plena baixa de Coimbra, reabriu há duas semanas. Daí para cá tem tido casa cheia. “Não estava à espera desta afluência”, confessa Lúcio Borges, o proprietário. Dono de uma outra pastelaria na cidade, há muito que procurava um espaço na baixa, e o edifício de A Brasileira “apareceu por acaso”.
Nos três pisos, onde funciona o café e restaurante, sobressai o branco. Nas paredes, mesas, chão e, até, no enorme sofá lateral que se assemelha ao de antigamente. A escada apertada, em caracol, que conduz ao restaurante, e o enorme candeeiro da entrada são as duas peças que testemunham a história. O projeto de arquitetura esteve a cargo da Ipotz Studio. “Pegámos em alguns elementos que faziam parte do antigo café e reinterpretámo-los com uma linguagem mais moderna”, descreve o arquiteto Nuno Reis, um dos elementos da equipa. Um desses casos são as mesas idênticas às originais. Na cafetaria não falta o emblemático café de saco e a pastelaria conventual de Coimbra (os doces de Santa Clara, o manjar branco, as queijadas.).
Na carta do restaurante, foram reinterpretados dois pratos emblemáticos da casa: o bife à Brasileira (com sabor a café) e o bacalhau (com maionese e gratinado no forno). Em breve serão recuperadas as tertúlias debatendo a cidade. Como antigamente!
A Brasileira
R. Ferreira Borges, 124, Coimbra T. 239 842 299 Seg-Dom 7h-23h www.abrasileira-coimbra.com
Um dos pisos acolherá uma espécie de museu com peças antigas da torrefação do café e até as velhas bolas da mesa de bilhar de antigamente.
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Paulo Rocha