Visão | É oficial: temos os melhores bolos e peixes do mundo!

Cristiano Ronaldo é o “melhor jogador do mundo”; José Mourinho, é o “melhor treinador do mundo”. É oficial, mas esse título não se encontra patenteado, embora também ande na “boca de toda a gente”. Os que existem, porém, são muito mais acessíveis do que estes dois craques do futebol: A Melhor Tarte de Amêndoa do Mundo, O Melhor Pão de Ló do Universo, O Melhor Peixe do Mundo e O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo. Estratégia de marketing? Pode ser, mas isso eleva-nos o espírito e só temos que nos orgulhar. E, já agora, de agradecer os sabores.

‘Areada e muito Fina’

A TARTE

“Era uma vez uma amêndoa que sonhava ser tarte.” Começa assim a história da tarte de amêndoa que nasceu do sonho de Vasco Valença de Sousa em conseguir fazer a melhor tarte que alguma vez fora feita e do desafio que Catarina Noronha lhe lançou em dar a conhecê-la ao mundo.

“A Tarte” é comercializada há dois meses, mas a sua história iniciou-se há alguns anos, nos jantares de Vasco com amigos, onde a tarte já era estrela, ao ponto de ouvir sempre um “traz a tarte, traz a tarte” quando era convidado.

Desde que fez, pela primeira vez, uma tarte de amêndoa, a partir de uma receita encontrada num velho e amarelento livro herdado da mãe, até ao momento em que a começou a vender, tentou sempre melhorá-la. Engenheiro alimentar de profissão, Vasco estava atento aos comentários que os amigos, e os filhos dos amigos, faziam sobre o seu doce. “Foi um processo de melhoria, até ficar ‘no ponto’: crocante, estaladiça, com uma base de massa areada e muito fina”, explica-nos.

Durante um desses jantares, a amiga Catarina desafiou-o a “lançar” a sua tarte. Primeiro, ficou a matutar nessa ideia; mas rapidamente decidiu registar a marca como “A Melhor Tarte de Amêndoa do Mundo”. Porquê? “Porque a cada tarte que fazia, afirmava: ‘Esta está ainda melhor do que a anterior’.” Quando decidiram avançar com a ideia, optaram por lhe dar um nome mais simples.

Ficou “A Tarte” e retiraram-lhe “os apelidos”, dada a colagem demasiado óbvia ao “Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”.

A primeira tarte estreou-se ao público na Mercearia Criativa, em Lisboa. Dois dias depois, Carlos Moura Carvalho, proprietário da loja, pediu para fazerem mais 10. A este pedido, e aos que se seguiram, responderam sempre positivamente.

O negócio estava lançado.

“A Tarte” é, agora, distribuída na Grande Lisboa através de parceiros, que funcionam como ponto de recolha: Mercearia Criativa, Lisboa; QB Essence, Oeiras; Gelato Mio, Miraflores e Momentos da Nossa Terra, Cascais. Para encomendar, basta telefonar (93 440 2618/ 93 804 5830) ou ir à página do Facebook, e 24 horas depois pode ir levantá-la ao ponto de venda escolhido.

Preço: €17,50.

‘Puro e Único’

O MELHOR PÃO DE LÓ DO UNIVERSO

“Foi há cerca de um ano, numa das incursões gastronómicas de fim de semana, que eu e o Miguel (Júdice) fazemos habitualmente, que provámos pela primeira vez este pão-de-ló”, recorda Raquel Rodrigues, diretora de relações públicas do grupo Lágrimas.

A descoberta deu-se em Raia, no concelho de Castelo de Paiva, onde este doce é feito de forma artesanal, pela Casa do Pão de Ló do senhor António Oliveira.

“Achámo-lo fora de série e quisemos adotá-lo como um produto do Grupo Lágrimas.” Batizaram-no como “O Melhor do Universo”, uma brincadeira assumida para ficar em sintonia com “O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”, mas, acima de tudo, como uma forma de “agarrar” no que de melhor temos e mostrá-lo ao mundo.

“É preciso criar marcas para que, quem nos visita, fale de nós e do melhor que temos: dos pastéis de Belém, mas também do pão de ló, do bolo de chocolate, do azeite ou do queijo. Porque temos produtos extraordinários e é preciso promovê-los de forma assertiva”, afirma Raquel. “‘O melhor’, não quer dizer literalmente o melhor, mas sim que é dos melhores.

E este pão de ló é, para nós, o melhor do universo, dos melhores que já provámos”, conclui.

Antes de lançarem o produto, juntaram críticos gastronómicos e conhecedores de pão de ló, deram-lhes a experimentar o bolo e perguntaram se este podia ser “O Melhor do Universo”.

“A eleição foi consensual, o que nos deu a confiança para lançar o nome.” Registaram a marca, cuja propriedade continua a pertencer a António Oliveira, e, em março de 2011, já o bolo estava à venda.

Puro (só com ovos) ou na versão chocolate, “O Melhor Pão de Ló do Universo” faz parte das cartas de todas as unidades do grupo, com exceção das que têm cozinha de autor (Arcadas da Capela e Eleven). Também o pode levar para casa, inteirinho, bastando encomendar em O Melhor Pão de Ló e escolher o local de recolha (Hotel Infante de Sagres, no Porto; Cantina da Estrela e restaurante Terreiro do Paço, em Lisboa).

Preço: €25.

‘Fresco e Saboroso’

O MELHOR PEIXE DO MUNDO

Pescado exclusivamente através de métodos artesanais, não intrusivos para o meio ambiente, “O Melhor Peixe do Mundo” chega às lojas Miosótis, em Lisboa, três vezes por semana, vindo de Sesimbra. Começou a ser vendido em julho de 2011 e resultou do esforço conjunto de Ângelo Rocha, proprietário da Miosótis, e de Miguel Zegre, da Fixe em Casa, uma empresa de entrega de peixe de mar ao domicílio. “A Miosótis é uma loja de produtos biológicos e, como tal, só fazia sentido ali vender peixe pescado de forma sustentada”, explica Ângelo. “Já comercializávamos peixe, mas era importado, o que era um pouco absurdo.” Ângelo procurou uma solução no mercado português, mas sem sucesso.

Expôs o seu “problema” numa sessão pública sobre pesca, em Sesimbra, onde estava também Manuel Cardoso, sócio de Miguel Zegre. Conversaram e decidiram embarcar nesta aventura.

Mas não foi fácil zarpar, especialmente devido à ausência de um referencial de certificação, relativo à pesca artesanal sustentável. Este documento, emitido pela SATIVA empresa de certificação e controlo estabelece o conjunto de regras a que este tipo de pesca tem que obedecer para ser reconhecida como tal. Das formas de pesca, tipo de embarcações, artefactos, métodos de recolha, transporte, período de tempo entre a captura e a entrega até à apresentação comercial e repartição da retribuição económica. Factos que, como explica Ângelo, “funcionam como uma garantia” para o consumidor. “Ficamos a saber onde e quando o peixe foi pescado e quanto é que recebeu o pescador”, assegura. “O preço de venda é calculado em função do de compra, de forma a garantir que determinado valor da venda reverta para o pescador, que neste caso é de 50 por cento”, acrescenta Miguel. Vencida esta tempestade, a marca foi registada como. “O Melhor Peixe do Mundo”.

Marketing? “Sim”, responde Miguel, mas “um peixe assim só podia ser o melhor do mundo”, concordam os dois.

“O Melhor Peixe do Mundo” é pescado de forma artesanal (anzol, armadilhas ou peteiras, conforme a espécie) por pequenas embarcações, com um máximo de 5 trabalhadores e 10 metros de comprimento.

Vai diretamente dos barcos para o armazém da Fixe em Casa, em Sesimbra, para ser arranjado (só com água salgada) e embalado e chega ao cliente até 24 horas após ter sido pescado. As entregas são feitas às terças, sextas e sábados na R. Óscar Monteiro Torres e na R. Sá da Bandeira, em Lisboa, para depois ser vendido.

‘Merengue e Mousse’

O MELHOR BOLO DE CHOCOLATE DO MUNDO

Carlos Braz Lopes já não sabe quantas vezes contou a história d’”O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”. E, provavelmente, o leitor também já não sabe quantas foram as vezes que a leu. Este é um caso de sucesso português, que há muito passou as fronteiras.

“O bolo nasceu como uma sobremesa do restaurante Mercado de Santa Clara, há 15 anos, depois de uma ida a Paris”, recorda. “Comi um bolo na Fauchon, que me chamou a atenção exatamente pela sua consistência: não tinha farinha e era feito à base de merengue e mousse.” Chegado a Portugal, tentou fazer um igual e o resultado foi um bolo de chocolate muito solicitado e que rapidamente ganhou fama. “As pessoas começaram a pedir para o levarem para casa, o que não era muito normal, visto ser uma sobremesa de restaurante”, diz.

Quando abriu a Cozinhomania, uma loja de utensílios e cursos de cozinha, em Campo de Ourique, decidiu dar-lhe uma maior dinâmica e começou a fazer ali o bolo, num fogão caseiro. O cheiro não deixava indiferente quem ali entrava e às perguntas “podemos encomendar?” e “é realmente bom?”, Carlos Braz Lopes respondia: “Este é o melhor bolo de chocolate do mundo.” Conhecido inicialmente pelo bolo de chocolate de Campo de Ourique, a brincadeira transformou-se num verdadeiro negócio, ao qual teve que dar um nome. “O nome de um espaço para vender um bolo, tinha que ser sonante”, por isso decidiu registá-lo como “O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”.

Já lá vão 12 anos.

“Inicialmente, a ideia foi muito criticada, chamaram-me de presunçoso”, diz com um sorriso rasgado na cara. “Um exagero, uma brincadeira, que chegou onde nunca imaginei que chegasse.” “Há várias componentes que contribuíram para este sucesso: a história em si porque as pessoas gostam de a conhecer; o nome genial; e, o mais importante, o produto o bolo é muito bom.” Carlos orgulha-se de manter a qualidade inicial: “Continuo a usar o mesmo chocolate e a mesma manteiga sem sal. E não roubo nas quantidades. Isto ao fim de 12 anos”, conclui.

Além de Portugal, o bolo vende-se no Rio de Janeiro, em S. Salvador da Bahia, Brasília, S. Paulo, Sydney, Madrid e Sevilha. Washington, S. Petersburgo, Singapura, Macau e Hong Kong são as cidades a conquistar.

Na versão meio amargo ou tradicional doce, “O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo” é vendido em loja própria, em Lisboa (R. Coelho da Rocha, 99), e no Porto (R. Dr. Barbosa de Castro, 70), e através de uma rede de revendedores, um pouco por todo o País www.omelhorbolodechocolatedomundobycbl.com.

Preço: €30.