A zona do Porto fazia parte de muitas das viagens de Gerardo Rueda, artista espanhol falecido em 1996, ao nosso país. Amigo de Fernando Pernes, primeiro diretor artístico da Fundação de Serralves, eram muitas as vezes em que os dois se encontravam na cidade e se deixavam ficar horas a falar… de arte, naturalmente. É esta ligação sentimental de um dos artistas abstratos mais proeminentes da arte contemporânea do século XX que está na génese da criação do Centro de Arte Moderna (CAM) Gerardo Rueda, que ocupa, desde a semana passada, a antiga Galeria Nave (uma cave com cerca de 4 000 m2 situada no edifício da autarquia), fruto de um protocolo com a Fundação Gerardo Rueda, com a duração de três anos renováveis. “Para mim é um momento eterno.
Portugal é um país que amava o meu pai”, salienta José Luis Rueda Jiménez, filho do artista e presidente da Fundação.
O CAM apresenta um conjunto de 200 obras do século XX retiradas das cerca de 5 000 que constituem o espólio do artista espanhol. Entre elas, está uma mostra antológica (16 obras) de várias épocas de Rueda, uma exposição temporária de Noronha da Costa (30 obras sob o título A Transformação da Imagem) além de mais de uma centena de obras da coleção do artista onde se destacam Millares, Pablo Serrano, Tàpies, Miró, e os portugueses José Guimarães, Alberto Carneiro e Gerardo Burmester.
“O artista tem que saber o que pinta, porque pintar é uma eleição” disse, um dia, Gerardo Rueda. O filho, José Luís, quer aproveitar o CAM para lançar o Prémio Gerardo Rueda que irá distinguir anualmente jovens artistas. Para o ano, deverá ser inaugurado, em Madrid (junto ao Museu Rainha Sofia), um museu dedicado ao pintor e escultor espanhol.
CENTRO DE ARTE MODERNA GERARDO RUEDA
Av. D. Afonso Henriques
T. 22 939 0900 Ter-Dom 13h-19h
€2 a €3,50. Grátis para crianças com menos de 10 anos.