O “Comércio Justo”, justamente assim chamado, pertence a pequenos produtores, a cooperativas de homens e mulheres espalhadas pelo mundo da África à Ásia, passados pela Europa e pelas Américas, onde as grandes marcas vão adquirir algumas das matérias-primas, mais tarde usadas na confeção de roupa e de calçado, na criação de novos cremes e produtos de beleza que o “outro mundo” tão bem conhece e consome.
A solidariedade também passa por aqui pela importância que, de ano para ano, as grandes multinacionais dão aos pequenos comerciantes. É uma “troca por troca”, é o comum “dar e receber” e que quase sempre é benéfico para os dois lados: no Norte de África, em Marrocos, por exemplo, extrai-se óleo de argan, considerado já o “ouro marroquino”; na vila de La Gacilly, na Bretanha francesa, a terra onde se encontra o centro de produção da Yves Rocher, existem jardins botânicos onde a marca vai buscar as matérias-primas que compõem os seus produtos.
São, também por isso, o principal foco de emprego da região, tendo desta forma simples combatido a desertificação. Para a marca Lush Fresh Hanmade Cosmetics, o Comércio Justo é um pré-requisito, tal como Mark Constantine, seu cofundador, afirma: “Para mim, o conceito de Comércio Justo é estranho. Esperamos que todos os negócios façam um Comércio Justo por que razão fazê-lo de outra forma? Na empresa temos por política assegurarmo-nos que selecionamos fornecedores responsáveis.” E os deles chegam do Brasil, da República Dominicana (uma só cooperativa disponibiliza, anualmente, 10 mil toneladas de cacau para o mercado, 85% dele orgânico), da Palestina (o azeite), do Egito (o jasmim) e da Índia (os tecidos para embrulhos e sacos em tela), só para dar alguns exemplos.
A marca de cosmética biológica Nafha, fundada por Guy Boulanger e Carol Garcia, dois apaixonados por Marrocos, “vai buscar” o óleo de argan àquele país do Norte de África, o óleo de karanja à Índia, e a água floral de rosas de damasco à Bulgária… Este é o caminho certo, essencial para que a “essência do mundo” não se perca. Daí, a marca Essential Care, representada do nosso país pela Essência do Mundo, ter lançado a primeira linha de maquilhagem certificada pela Soil Association e pela Fundação Comércio Justo.
Esta inovadora linha, 100% natural, rege-se pelos mesmos princípios das referidas anteriormente. Como a Kiehl’s, a famosa marca nova-iorquina que este ano comemora o 160.° aniversário, que “combinou” com algumas tribos da Amazónia brasileira a extração das bagas de açaí com que produz alguns dos seus mais recentes produtos: a linha Açaí Damage-Repairing Skincare Collection. A atriz Julianne Moore e os Scissor Sisters foram convidados para assumirem “o cargo” de embaixadores do Kiehl’s Gives.
Julianne representará o bem–estar das crianças e a banda será embaixadora da luta contra a sida.
O ECO DA ECOLOGIA
Espalhou-se já por todo o planeta e nem a lingerie fica de fora desta nova “onda” comercial.
Mas primeiro os mais velhos que, neste caso, nada têm a ver com underwear: as tão famosas Havaianas lançaram, para esta estação, a linha Eco Soul Collection, que ajudam a proteger os bens mais valiosos do Brasil: a natureza e o seu povo. Este modelo é produzido de fibra de juta, uma matéria-prima que pode ser encontrada na região da Amazónia (cresce nos canais do rio Amazonas e não precisa de fertilizantes nem pesticidas para se reproduzir). O cultivo de juta é uma das principais atividades económicas da população que vive nas margens do Amazonas e um recurso fundamental para a sobrevivência de 50 mil famílias.
Tribos há muitas, e algumas delas situam-se “nas redondezas” australianas (Papua Nova-Guiné, Indonésia, Malásia…) de onde a marca de underwear (masculino e feminino) 69 slam é originária.
Nesta estação, apresentou a “Linha Bamboo”. Mais discreta do que os modelos e padrões a que nos tem habituado, a roupa interior, feita de bambu orgânico e mais de 70% de fibras amigas do ambiente, contém características únicas: facilita a transpiração e dificulta a proliferação de bactérias.
A campanha Björn Loves John (quem já não conhece a linha de underwear Björn John?) vai doar 4% das vendas para beneficência à John and Patty McEnroe Foundation que, por sua vez, irá apoiar as seguintes instituições: Beyond Nuclear, Laureus USA, J/P Haitian Rief Organization e Riverleeper…
Salvar vidas, educar e sensibilizar a população mundial através da moda é, cada vez mais, uma “atitude corajosa”… Que é como quem diz… É preciso ter ou não ter. O quê?