O que têm em comum o MDMA, a psilocibina ou a ketamina? Além de serem substâncias psicadélicas, há cada vez mais investigação científica no sentido de clarificar de que forma podem ajudar a tratar problemas que vão da depressão às perturbações do espetro da ansiedade, dependência de substâncias, ideações suicidas e sintomas da síndrome de stress pós traumático (PTSD).
Apesar de muitas pessoas associarem os psicadélicos a substâncias perigosas, tomadas recreativamente e com uma série de riscos associados, o psiquiatra Pedro Castro Rodrigues explicou, em conversa com a VISÃO, que são muito mais do que isso.
“Os psicadélicos são substâncias que causam uma alteração temporária, mas profunda, de vários elementos da nossa consciência habitual, nomeadamente da nossa perceção, emoções e pensamento”.

Canalizar estes efeitos, que ocorrem ao nível da alteração da consciência, para tratar certas doenças psiquiátricas, é agora o objetivo de muitos médicos e investigadores. Na prática clínica, encontra-se já disponível, por exemplo, a psicoterapia assistida por ketamina.
Pedro Castro Rodrigues, que é coordenador da Unidade de Depressão Resistente do Centro Psiquiátrico de Lisboa e diretor do departamento de Saúde Mental da Clínica Hugo Madeira, dois locais onde a terapia já é realizada, explicou à VISÃO como funciona a mesma, o número de sessões necessárias, o que acontece a um cérebro sob o efeito de psicadélicos, de que forma as “viagens” são integradas com sessões de psicoterapiaos, além de elencar quer os critérios de seleção quer os de exclusão dos doentes candidatos.
Essencialmente, o que acontece é que as pessoas com depressão ou problemas de adição têm processos mentais muito rígidos e repetitivos. “Uma pessoa deprimida está sempre a pensar que a sua vida não vale nada”, ilustra o psiquiatra, sublinhando que, “é precisamente por fazerem uma destabilização destes processos mentais repetitivos, e reduzirem a certeza que as pessoa têm destas crenças, que os psicadélicos podem ser terapêuticos”.
Ao longo da conversa, Pedro Castro Rodrigues fez ainda referência aos riscos inerentes às terapias, bem como um ponto de situação relativamente à investigação que está a ser feita em torno da psilocibina e do MDMA, muito provavelmente os próximos a integrarem a prática clínica.
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