O café é a segunda bebida mais consumida em todo o mundo, a seguir à água – acima de dois mil milhões de chávenas por dia, estima-se.
O café passou décadas nas trevas, relegado para aquele canto em que se arrumam os produtos prejudiciais à saúde.
Agora, alvo de variados estudos científicos, uns mais credíveis que outros, transformou-se numa bebida saudável, desde que o seu consumo seja moderado.
Nuno Sousa, médico neuroradiologista, professor na Escola de Medicina da Universidade do Minho e investigador do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), é o coordenador de um estudo recente, publicado na revista científica Molecular Psychiatry. Nele demonstrou-se que as pessoas que consomem café registam melhor controlo motor, maiores níveis de atenção, tornando-os mais aptos para as exigências do dia a dia. Certo é que esse hábito pode trazer benefícios para a aprendizagem e a memória.
Utilizando uma ressonância magnética funcional, comparou-se a estrutura e conetividade do cérebro de um grupo de pessoas que consumia café diariamente com as de um grupo de pessoas que não bebiam e descobriu-se que duas regiões e duas redes de conetividade funcional do cérebro de quem tomava habitualmente esta bebida revelavam padrões de ligação diferentes.
Para que os efeitos benéficos relacionados com o foco sejam verificados, Nuno Sousa assegura que basta um café por dia. No entanto, nas pessoas que bebiam mais do que isso, as diferenças de atenção acentuavam-se.
Este estudo tem bastante detalhe e as suas conclusões científicas podem vir a permitir que se use a cafeína, o principal composto do café, para tratar algumas doenças.
Nestas Conversas da VISÃO Saúde falou-se ainda da associação evidente entre a ingestão de café e a melhoria dos sintomas de Parkinson. Assim como se tratou de se desfazer o mito de que a cafeína é viciante. Como este hábito está associado a um momento de conforto, envolve também uma componente de sugestão que acaba por influenciar o que se sente em casos de privação.
E por que razão é que a cafeína tira o sono a uns, mas não o faz a outros? Nuno Sousa explica esta dúvida que existe entre todos os consumidores da bebida estimulante. Sente-se então, confortavelmente, com uma chávena de café quente entre as mãos, e oiça o que este especialista tem a dizer sobre a matéria.
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