Há várias novas vacinas contra a Covid-19 em estudo, algumas em fases mais avançadas de investigação do que outras. Chamam-lhes vacinas de segunda geração, não porque sejam obrigatoriamente mais eficazes do que as já existentes, mas porque pode haver necessidade de cobertura para outras variantes e, também, para facilitar o processo de armazenamento.
“Num processo de desenvolvimento de vacinas há sempre a possibilidade de fazer um refinamento à tecnologia com vista a torná-las mais eficazes ou para que sejam usadas de forma mais generalizada, nomeadamente em países onde a disponibilidade para a refrigeração de vacinas, por exemplo, não é igual à de outros”, explicou Luís Graça, imunologista do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, durante mais um episódio das Conversas VISÃO SAÚDE, agora com periodicidade quinzenal.
Estas vacinas novas pretendem “responder a novos problemas que surjam. Por um lado, estarem mais adequadas a novas variantes, apesar de as vacinas que estão a ser utilizadas serem muito eficazes para todas as variantes” que já se conhecem e, “por outro lado, tentar criar novas vacinas que tenham uma administração mais fácil, que não necessitem de ser injetadas ou que possam ser armazenadas sem que sejam necessárias temperatura tão baixas”.
Há três novas vacinas na fase 3 dos ensaios clínicos que “utilizam as mesmas plataformas que aquelas que já temos disponíveis, mas também há de plataformas diferentes, como por exemplo as que utilizam a proteína [spike, a responsável pela entrada no vírus nas nossas células] do vírus com adjuvante, em vez de ser o material genético do vírus – esta tecnologia já está a ser utilizada por exemplo na vacina contra hepatite B”.
No Brasil, China ou Índia são “utilizadas vacinas com vírus inativado”, que é uma outra plataforma diferente. Independente do tipo de plataforma, diz o cientista, “o que varia é a forma como a proteína é introduzida no organismo” para desencadear a resposta imunitária.
Há, também, outras vacinas, “ainda num estado precoce de desenvolvimento cuja administração é por via das mucosas e não injetável”, seja através de pingos ou, até, de um spray.
E o que se pretende de uma vacina? “Pretende-se não só a produção de anticorpos, mas também qualidade nos anticorpos. O que acontece quando o sistema imunitário produz anticorpos é que os primeiros a serem produzidos não são os ideais, já numa resposta imunitária induzida pelas vacinas há uma melhoria desses anticorpos”, explica.
Quanto à vacina da gripe, cuja administração já começou no nosso País e que vai coincidir com a toma da terceira dose para os maiores de 65 anos, a Direção-Geral da Saúde aguarda por uma orientação da Organização Mundial de Saúde para serem dadas em simultâneo – por agora há um intervalo de 14 dias entre cada uma. “O nosso sistema imunitário está habituado a lidar com estímulos muito significativos, a responder a um grupo de antigénios muito diversificado, não me parece existir preocupação com o número de antigénios que é dado ao mesmo tempo ao sistema imunitário. Aliás, no Plano Nacional de Vacinação temos experiência com vacinação simultânea de muitos agentes infecciosos e isto é absolutamente seguro.”
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