Há uma linha que separa o cansaço da fadiga, mas essa linha nem sempre é percetível para quem entra num consultório médico e diz que se sente muito cansado.
“O cansaço normal é aquele que todos experienciamos no dia a dia após um esforço físico ou mental ou, até mesmo, depois de uma noite mal dormida. É algo auto-limitado no tempo e que se resolve, geralmente, após o repouso. A fadiga é algo mais persistente no tempo, há um cansaço generalizado e falta de energia por parte do doente que não se altera com o repouso”, começa por explicar Ana Catarina Guimarães, especialista em Medicina Geral e Familiar no Hospital Lusíadas Braga.
A fadiga leva, a nível físico, a “uma sensação de incapacidade de realizar as tarefas diárias” e, a nível psicológico, a “dificuldades na concentração e de foco no que se está a fazer”. No entanto, explica a médica, é de realçar que a fadiga não é “um sintoma isolado”, além de ser “muito inespecífico e vago”, porque há uma multiplicidade de causas que lhe podem dar origem. Uma alimentação com excesso açúcar, por exemplo, “faz com que haja flutuações de açúcar no sangue” e isso provoca cansaço, uma alimentação correta e variada, com “um bom consumo de água”, faz com que os níveis de açúcar se mantenham estáveis. A falta de horas suficientes de sono é uma das “principais causas da fadiga e da mais comuns”, nota.
Quando o paciente entra no consultório é se queixa de cansaço é “necessário avaliar o estilo de vida da pessoa”, como o nível de atividade física, que ingestão faz de bebidas alcoólicas ou com cafeína, se fuma ou a qualidade de sono.
Já quanto ao trabalho, a especialista refere que “um ambiente de trabalho tóxico, com grande sobrecarga e pressão” conduz a estados de ansiedade que levam à fadiga.
Por outro lado, existem “sinais de alarme” relacionados com o cansaço que podem levar “a suspeitar de doenças mais graves”, como, por exmplo, o início súbito da sensação de cansaço, se o mesmo durar mais de duas semana, se houver perda de sangue nas fezes, perda de peso, falta de ar ou dor no peito. “Estes sinais devem fazer com que as pessoas procurem os cuidados médicos”, explica. As consequências da fadiga, aliada a outros sintomas, podem ser o início de uma diabetes, problemas na tiróide, doenças renais e hepáticas. Mais recentemente, a Covid-19, “um dos sintomas de que os doentes se queixam é a fadiga que, aliás, persiste mesmo depois da alta médica”.
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