Prostração da criança, febre que não baixa, vómitos e aparecimento súbito de manchinhas na pele são os sinais de alerta que os pais devem ter em relação à meningite bacteriana. Este foi um dos alertas dos quatro especialistas convidados para o webinar organizado pela VISÃO Saúde “Prevenir a Meningite – Por Uma Vida Inteira pela Frente”, em parceria com a GSK. (ASSISTA NA ÍNTEGRA AO VIDEO EM CIMA)
Desde logo importa frisar que há vários tipos de meningite, as virais e as bacterianas, estas últimas as mais perigosas e que se dividem em seis subgrupos (A, B, C, Y, W e X) sendo que, na Europa, nas últimas décadas, predominaram os grupos B e C. “A meningite C quase já não existe, o aparecimento da vacina foi muito importante”, explica Hugo Rodrigues, pediatra, autor do blogue “Pediatria para todos” e colunista da VISÃO. É isto que se espera que aconteça nos próximos anos, dado que a vacina da meningite B foi introduzida no Plano Nacional de Vacinação em outubro, contemplando, também, todas as crianças nascidas em 2019. “O mesmo que aconteceu com a meningite do tipo C é o que deverá acontecer com a do tipo B”, nota Jorge Amil Dias, pediatra e presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos.
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Hugo Rodrigues diz que esta doença (uma inflamação das meninges, as membranas que protegem o cérebro e a medula espinal) “assusta os pais” porque tem uma evolução muito rápida e “se não for tratada a tempo é mortal”, no entanto, frisa, caso seja detetada e “tratada precocemente a taxa de cura é muito grande”.
A gravidade, aludiu Rui Nogueira, médico de família e presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, é “porque se trata de uma infeção que atinge o sistema nervoso central”. Um dos problemas, refere, é que os sintomas “são comuns a muitas outras infeções” que as crianças, normalmente têm. Febre, náuseas e vómitos são recorrentes em várias outros princípios de doenças, daí que o conselho seja para os pais “estarem alerta para o estado geral da criança”, dado que a evolução é muito rápida, e para “verem se há pintinhas vermelhas na pele”.
Jorge Amil Dias saliente que o facto de “uma criança estar vacinada para um subgrupo não impede de ter meningite de outro subgrupo”.
O diagnóstico da doença é “feito em ambiente hospitalar”, explica Nuno Jacinto, médico de família. É feita uma “punção lombar”, atesta Hugo Rodrigues, em quem se retira líquida da espinal medula para analisar. De qualquer forma, adianta o pediatra, enquanto se espera o resultado da análise é “iniciado logo antibiótico”.
Em relação às sequelas, Hugo Rodrigues diz que podem existir ao “nível do desenvolvimento motor, na parte da audição, dependendo da zona do cérebro atingida”, além de que, noutros casos, e “dado que é uma infeção generalizada” poder ter de haver amputação de membros. No entanto, e todos os especialistas reforçaram a mensagem, a vacinação é importante. “O cumprimento do Plano Nacional de Vacinação deve ser promovido, mesmo nesta altura de pandemia deve manter-se a vacinação tal como está preconizado”, afirma Nuno Jacinto.
Apesar da meningite ser uma doença que, normalmente, se relaciona com as crianças, também pode acontecer em adultos. “Embora seja raro”, ressalva Rui Nogueira.