Uma nova investigação sugere o tratamento preventivo utilizado para tentar evita a recorrência do cancro da mama, depois do tratamento inicial, pode, na verdade, levar a uma mutação nas células cancerígenas que lhes permite ficar num estado de “hibernação”. Ou seja, este tipo de tratamento, segundo um novo estudo, agora publicado na revista Cancer Discovery, faz com que as células fiquem adormecidas em vez de morrer, podendo “acordando” anos depois, causando uma recidiva mais difícil de tratar. Mas esta nova investigação descobriu também que pode haver uma maneira de atingir essas células antes de “acordarem”, uma boa notícia, em particular, para as pacientes com cancro da mama positivo para o recetor de estrógenio (ER +).
“Após a cirurgia para remover um cancro da mama primário positivo para recetores de estrógenio, as pacientes fazem entre cinco a dez anos de terapia hormonal, que visa matar quaisquer células cancerígenas remanescentes. Sabemos que isso não funciona para todos os pacientes, pois o cancro pode voltar anos, ou mesmo décadas depois. Queríamos entender melhor porque é que o cancro da mama voltava para que possamos encontrar maneiras de pará-lo – para que as pessoas não tenham que viver com medo ou enfrentar a notícia devastadora de uma recidiva”, explica o professor Luca Magnani, professor no Instituto de Investigação do Cancro, em Londres.
Os investigadores descobriram que ao inibir a enzima G9a, a responsável pela capacidade de as células cancerígenas hibernarem, é possível não só impedir esse adormecimento como até matar as que já se encontravam nesse estado. E mais: foi possível ainda perceber que aqueles que tinham uma baixa expressão de enzimas como a G9a tiveram um risco significativamente menor de recidiva ao longo de 15 a 20 anos.
“A nossa investigação deixou cada vez mais claro que as células cancerígenas podem permanecer dormentes no corpo por muitos anos antes de serem acionadas para despertar, fazendo com que o cancro retorne. Este estudo usa uma abordagem inovadora para analisar a genética dessas células dormentes e obter informações importantes sobre os mecanismos que levam à hibernação”, afirma Tayyaba Jiwani, também autora do estudo. “Embora num estágio inicial, os resultados revelam potenciais novos alvos para o desenvolvimento de tratamentos inovadores que impedem que o cancro da mama volte.”