A primavera começou na última quarta-feira, mas este fim-de-semana as temperaturas vão ser de verão – em alguns pontos do País devem chegar aos 30 graus – e com sol.
É provável que muitos aproveitem o calor para ir à praia e apanhar o primeiro sol do ano. Mas será que as primeiras horas de exposição solar fazem diferença imediata no bronzeado? “Sim, dependendo do tempo de exposição e da predisposição da pele para bronzear”, responde-nos Marta Ferreira, farmacêutica e doutoranda em Ciências Farmacêuticas especializada em Cosmetologia.
“A radiação ultravioleta, e em especial a ultravioleta B, pode provocar danos no ADN celular que desencadeiam a produção de melanina, de forma a proteger as células cutâneas dos danos provocados”, acrescenta a especialista. “Este processo pode demorar alguns dias”, mas “a radiação ultravioleta A tem a capacidade de oxidar a melanina já presente na pele, dando-lhe um tom levemente mais bronzeado algumas horas após a exposição”, explica.
Este “efeito imediato” vai depender também de fatores como o índice UV, que aumenta entre a primavera e verão e entre as 12 horas e as 17 horas, do tempo de exposição, do grau de proteção – se estamos à sombra, com roupa e se usamos protetor solar -, do tom de pele, da capacidade para queimar de cada um e da existência de condições que agravem com a exposição solar, enumera a especialista.
Marta Ferreira alerta, contudo, para os perigos da exposição solar. “Grande parte do dano causado no ADN é revertido por mecanismos celulares de reparação, mas haverá danos permanentes. Quando estes danos se acumulam em determinados genes podem originar carcinomas ou melanomas”. Isso significa que não devemos apanhar sol? Não, apenas que devemos proteger-nos, já que a radiação solar promove “a formação de radicais livres que oxidam os lípidos, proteínas e outros componentes da pele”.
“Apesar de o bronzeado resultar num dano celular, a melanina serve precisamente para nos proteger”, acrescenta a especialista. “É por isso que é natural que nos primeiros dias de sol a pele queime com mais facilidade”, refere. “Por outro lado”, diz ainda, “quem tem herpes ou “alergia ao sol” tende a ver os seus sintomas agravados nas primeiras exposições solares”. “Nestes casos, é importante minimizar o tempo de exposição solar e usar proteção através da roupa, chapéus ou protetores solares faciais, corporais ou labiais”, aconselha Marta Ferreira.
Podemos apanhar o primeiro sol do ano sem proteção solar?
“No dia-a-dia, e para exposições curtas, essa recomendação fará sentido”, diz a especialista. “Já quando se prevê uma exposição solar prolongada nem tanto, até porque tendemos a esquecer a reaplicação do protetor no exterior e temos tendência para aplicar menos quantidade”, acrescenta.
De acordo com a especialista, os principais fatores de risco para a carência de vitamina D são o sedentarismo, comum em idosos e pessoas com pouca mobilidade, síndromas de má absorção intestinal, insuficiência renal crónica, alterações metabólicas do metabolismo do cálcio e vitamina D ou outras características individuais que predisponham a este défice, e está demonstrado que não tem qualquer ligação com o uso do proteor solar. “A deficiência de vitamina D deve ser tratada ao longo de todo o ano, e de forma a não aumentar o risco de desenvolver cancro de pele ou queimadura”, remata.