Sete em cada 10 portugueses sofrem de dor de costas, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral. Este número pode ser assustador, mas os especialistas descansam-nos: os grandes avanços tecnológicos também na área da saúde têm permitido desenvolver dispositivos que ajudam os doentes a terem melhor qualidade de vida e a sentirem-se tranquilos relativamente à segurança dos procedimentos.
Nos casos mais complexos, em que o uso de medicação e sessões de fisioterapia não são suficientes, recorre-se à cirurgia, cada vez mais simples e sem risco para o doente.
Em Portugal, foi utilizada pela primeira vez o UNID ROD, um dispositivo que desenvolve uma barra feita à medida de cada doente, e que permite prever o resultado final da intervenção cirúrgica. Neste caso, o doente já tinha sido operado e necessitava de uma correção da posição em que ficou a coluna. “Devido a esta situação, o doente tinha uma grande incapacidade para realizar as atividades do dia a dia”, explicou à VISÃO Jorge Mineiro, Diretor do Centro de Ortopedia do Hospital CUF Descobertas, em Lisboa.
Neste “sistema inovador de modelação”, já utilizado por todo o mundo, esclarece o especialista, “as barras, ou seja, próteses que se colocam na coluna vertebral, são moldadas para cada doente em específico, como forma de corrigir uma deformidade vertebral”.
De acordo com Mineiro, “por ser um procedimento que é realizado à medida de cada caso em específico”, é totalmente seguro, utilizado geralmente “nos adolescentes com escolioses ou cifoses e nos adultos com as mesmas deformidades mas de origem degenerativa, que são mais comuns”. “Hoje existe um grupo bem vasto, que são os doentes já operados mas que não recuperaram a 100%”, acrescenta.
A preparação
Antes de se proceder à intervenção cirúrgica, é necessário realizar radiografias da cabeça aos pés de cada doente, para que se consiga perceber a causa de dor nas costas, que geralmente tem a ver com um “desequilíbrio de alinhamento” da coluna, esclarece o médico, acrescentando que, consoante o grupo etário, tem de avaliar-se quanto esse desequilíbrio está fora dos parâmetros da normalidade,
Com base nos dados adquiridos através de exames especiais denominados EOS – que permitem realizar radiografias de corpo inteiro, com menor dose de radiação relativamente aos métodos convencionais – os médicos conseguem detetar “o que está mal em cada caso e procurar a solução”, explica Mineiro.
E para diminuir qualquer risco, é possível enviar os exames EOS para uma base de dados Europeia, onde engenheiros de biomedicina e outros profissionais da área estudam cada caso e através de “programas modernos adequados e rigorosos” preparam as barras que são colocadas em cada doente.
“Estas barras são moldadas pelo computador, corrigindo o desequilíbrio que o doente tem em função do que seria ideal para a otimização dos parâmetros espino-pélvicos para cada doente, diminuindo assim a probabilidade de erro e de falha humana na execução deste procedimento”, refere o médico, acrescentando que este dispositivo “faculta ao cirurgião da coluna esta possibilidade” com o objetivo de garantir “maior segurança do doente”.
Jorge Mineiro garante ainda que, comparativamente com as intervenções mais antigas, este procedimento tem a principal vantagem de “diminuir a margem de erro”. “Cada caso é previamente estudado, o que garante que as barras desenvolvidas são as mais indicadas para serem colocadas”, remata.