O H5N1, que provoca a gripe das aves, está a espalhar-se a um ritmo sem precedentes nos mamíferos depois de ter causado um número de mortes recorde em aves elevando a perspetiva de contágio a humanos. Na Europa, durante o primeiro ano do surto, entre outubro de 2021 e setembro de 2022, cerca de 50 milhões de aves foram abatidas nas explorações afetadas, de acordo com a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar. Embora o H5N1 afete principalmente as aves, os peritos em saúde pública estão preocupados com o número crescente de mamíferos que contraíram o vírus, tais como lontras, raposas, leões marinhos e martas.
Até agora, esta doença não passa facilmente para seres humanos e a infeção dá-se por contacto com excrementos ou carcaças de aves infetadas.
Embora seja consensual que o vírus ainda não adquiriu as mutações necessárias para ser transmissível entre humanos, farmacêuticas como a GSK, a Moderna e a CSL Seqirus revelaram à Agência Reuters que já estão a desenvolver ou estão perto de testar vacinas em humanos como medida de precaução. Da mesma forma, a Sanofi está “pronta” para iniciar a produção, se necessário. A Comissão Europeia tem dois contratos de aquisição conjunta para a compra de vacinas contra a gripe, um com a GSK e o outro com a Seqirus UK, confirmou um porta-voz da instituição ao jornal POLITICO.
As potenciais vacinas serão pré-aprovadas pelos reguladores, um processo já utilizado em vacinas contra a gripe sazonal. Isto significa que os fabricantes podem não necessitar de mais ensaios em humanos, o que facilita a imunização rápida da população. Embora a Covid tenha provado o potencial da tecnologia mRNA para se adaptar mais rapidamente a vírus em mutação, qualquer inovação na vacinação pode ser retida pelos países ricos, aprofundando desigualdades no acesso à inoculação. No caso da Covid-19, muitos países ricos alargaram os planos de inoculação entre a sua população antes de fornecerem vacinas aos países mais vulneráveis, apesar de os planos pandémicos estipularem o contrário, relata a Reuters.
Adicionalmente, a gripe das aves tem provocado a subida dos preços de produtos como os ovos ou carne. Em aviários, se algumas aves apresentarem um teste positivo ao H5N1, toda a criação é abatida independentemente dos sintomas ou do estado de infeção. Só nos Estados Unidos, o vírus levou à morte de mais de 57 milhões de aves desde fevereiro, ultrapassando os números do surto de gripe das aves de 2015. Atualmente não existe vacinação para evitar o aparecimento da doença nas aves, apesar de alguns produtores de vacinas terem pressionado fabricantes ao seu desenvolvimento.