Um novo estudo, desenvolvido por investigadores do Francis Crick Institute, um centro de pesquisa biomédica em Londres, concluiu que o consumo de grandes quantidades de sucralose, um adoçante sintético utilizado frequentemente em bebidas quentes e refrigerantes, pode ter um impacto no sistema imunológico.
“Mostrámos que um adoçante frequentemente usado, a sucralose, não é uma molécula completamente inerte e descobrimos um efeito inesperado no sistema imunológico”, afirma Julianna Blagih, uma das autoras do estudo, citada pela Sky News.
Feita a partir do açúcar de frutas e vegetais, a sucralose tem um poder de adoçar até 600 vezes mais do que o açúcar comum e, uma vez que não tem calorias, é frequentemente utilizada pela indústria dietética para adoçar produtos, sendo, muitas vezes, a opção de quem quer emagrecer.
Além disso, é usada regularmente como adoçante para cafés e sumos consumidos por diabéticos, em substituição do açúcar, e pode ser encontrada inclusive em farmácias e lojas de produtos naturais.
Agora, a equipa de investigadores acredita que este adoçante artificial impacte o sistema imunológico, depois de ter encontrado um “efeito inesperado” em ratos. Após realizarem experiências, os investigadores deram conta de que o consumo de uma grande quantidade de sucralose reduziu a ativação das células T, um grupo de leucócitos responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos, nestes animais.
E embora, à partida, estes resultados possam ser vistos como preocupantes, a equipa considera-os positivos no que diz respeito ao tratamento de doenças autoimunes. Isto porque, caso este adoçante tenha efeitos semelhantes em humanos, poderá vir a ser usado usado para tratar doentes com este tipo de condições, como a diabetes tipo 1.
A equipa acredita, por isso, que as descobertas do estudo, publicado na revista Nature, possam refletir-se numa nova maneira de usar doses terapêuticas muito mais altas de sucralose em doentes, mas ainda é cedo para tirar qualquer conclusão, sendo necessários vários outros estudos. “Estamos ansiosos para explorar se existem outros tipos de células ou processos que são afetados de forma semelhante por este adoçante”, acrescenta Blagih.
As doses testadas em ratos estavam dentro dos limites máximos de consumo recomendados, contudo, foram equivalentes a um humano ingerir cerca de 30 chávenas de café açucarado por dia ou 10 latas de um refrigerante light. Portanto, voluntários que consumissem quantidades normais ou moderadamente elevadas de sucralose não seriam expostos aos níveis alcançados neste estudo.
“Os resultados deste estudo não revelam efeitos nocivos da sucralose para os seres humanos, por isso não precisa de pensar em mudar a sua dieta com o objetivo de evitá-la”, alerta ainda Karis Betts, do Cancer Research UK, que trabalha em parceria com este instituto.