Menos de um ano depois de Bruce Willis, de 67 anos, ter sido diagnosticado com afasia, foi agora anunciado que o ator sofre de demência frontotemporal (DFT), um subgrupo da doença em que o lobo frontal e, por vezes, o lobo temporal do cérebro entram em denegeração após uma acumulação anormal de proteínas, provocando uma deterioração progressiva inevitável.
O anúncio foi feito pela sua filha, Rummer Willis, numa publicação nas redes sociais. “Desde que anunciámos o diagnóstico de afasia na primavera de 2022, o estado de saúde de Bruce progrediu e agora temos um diagnóstico mais claro: demência frontotemporal”, escreveu. “Infelizmente, os problemas de comunicação são apenas um sintoma da doença que Bruce enfrenta”.
A família do ator comunicou ainda que apesar de ser “doloroso, é um alívio ter finalmente um diagnóstico claro”. “A partir dos primeiros sintomas, a esperança média de vida é entre sete e 13 anos”, declarou também. Já de acordo com o site da Alzheimer Portugal, a esperança de vida para os doentes com DFT é, “desde o início da doença, de 2 a 15 anos, sendo a média de 6 a 12 anos”. No site, explica-se ainda que a morte “ocorre, normalmente, devido a uma infeção”.
A demência engloba várias condições médicas, como o Alzheimer, e é relativa a uma diminuição lenta e progressiva da função mental, afetando a memória, o pensamento e a capacidade para aprender novos conceitos. Este subtipo da doença, que pode afetar tanto homens como mulheres e tem início, normalmente, entre os 40 e os 65 anos, provoca limitações no discurso – em vez de conseguir encontrar a palavra certa para identificar um objeto, a pessoa pode apenas conseguir descrevê-lo.
Além disso, estes doentes desenvolvem perturbações de comportamento e personalidade, demonstrando insensibilidade, mesmo que anteriormente fossem preocupados com os outros, e obsessões, repetindo várias vezes as mesmas tarefas, além de uma apatia generalizada. Contudo, não tendo cura, os sintomas secundários da doença, tal como a depressão, podem ser amenizados através da medicação, sendo possível retardá-la.
As manifestações da DFT, responsável por cerca de um em cada 20 casos de demência, são, portanto, muito diferentes do que se observa em outros tipos mais comuns de demência, como a perda das memórias mais recentes, isto porque, mesmo nos estágios iniciais da doença, muitos doentes ainda se lembram dos últimos eventos. Conforme vai progredindo, os sintomas vão-se tornando semelhantes aos do estado avançado do Alzheimer, incluindo dificuldade para comer ou engolir, necessidade de ajuda para caminhar e vulnerabilidade a infeções.
Cerca de metade das pessoas com a doença tem história familiar e os que “a herdam parecem ter uma mutação no gene da proteína tau, no cromossoma 17, o que leva à produção de uma proteína tau alterada”, lê-se no mesmo site.
Willis mudou-se para uma zona rural da Califórnia depois de ter sido anunciado que iria terminar a sua carreira, em março do ano passado, quando foi diagnosticado com afasia, a perda parcial ou total da capacidade de expressar ou compreender a linguagem falada ou escrita. “A todos os apoiantes, queríamos partilhar que o nosso querido Bruce tem tido alguns problemas de saúde e que foi recentemente diagnosticado com afasia, que está a afetar as suas capacidades cognitivas. Por isso, e com muita consideração, o Bruce vai afastar-se da profissão que significou tanto para ele”, esceveu, nessa altura, Rummer Willis.
A família informou agora que, se o ator pudesse responder, gostaria de criar consciência global e ligação com as pessoas “que também estão a lidar com esta doença debilitante”.
O verdadeiro arranque de carreira do ator, que nasceu na Alemanha e cresceu nos Estados Unidos, aconteceu com a série televisiva “Modelo e Detetive”, entre 1985 e 1989, ao lado da atriz Cybill Shepherd, e em “Die Hard – Assalto ao Arranha-Céus”, o primeiro de uma popular série de filmes de ação.
Bruce Willis também fez comédia, nomeadamente em “Olha quem fala” (1989) e “A morte fica-vos tão bem” (1992), sendo ainda de sublinhar a participação em “A fogueira das vaidades” (1990), de Brian de Palma, “Pulp Fiction” (1994), de Quentin Tarantino e no qual contracena com a atriz portuguesa Maria de Medeiros, e em “O sexto sentido” (1999) e “O protegido” (2000), ambos de M. Night Shyamalan.