Provavelmente, nos últimos dias, um amigo não resistiu a reencaminhar-lhe um comunicado, identificado como proveniente do Ministério da Saúde (MS), sobre a gravidade de uma nova sublinhagem da variante Ómicron, a XBB.1.5, descrita como “altamente virulenta e mortal”. Questionado pela VISÃO, o MS afirmou não ter sido responsável pela divulgação dessa informação. Já nesta semana, em declarações aos jornalistas, Manuel Pizarro considerou que “a situação não é preocupante, mas merece atenção”. Isto porque, acrescentou o ministro da Saúde, “felizmente, num país como o nosso, atingimos nesta última semana três milhões de pessoas que fizeram a dose de reforço da vacina”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a avaliar o risco da nova XBB.1.5, que está a propagar-se rapidamente em vários países, como os Estados Unidos, onde representa cerca de um quarto dos casos de Covid-19. Para já, sabe-se que “é a subvariante mais transmissível detetada até agora”, afirmou a líder técnica da OMS na resposta à covid-19, Maria Van Kerkhove, em conferência de imprensa, na semana passada.
Em Portugal, o Instituto Ricardo Jorge (INSA) detetou “algumas dezenas de casos” da linhagem XBB do vírus que provoca a covid-19, mas apenas um foi classificado como sendo da sublinhagem XBB.1.5. “A recombinante XBB.1.5 é uma sublinhagem da linhagem XBB – uma das múltiplas linhagens da variante Ómicron -, a qual, tal como a própria XBB, se pensa estar associada à fuga ao sistema imunitário”, explicou à Lusa o investigador do INSA, João Paulo Gomes. Para o investigador, “ainda é cedo” para se perceber se esta sublinhagem terá algum impacto significativo nas hospitalizações por Covid-19 por ser diferente das outras linhagens já em circulação da variante Ómicron.
Face à situação epidemiológica da Covid-19 na China, atualmente, nos nossos aeroportos, os passageiros de voos provenientes deste país asiático estão a ser sujeitos a testagem aleatória (mas com caráter obrigatório) para sequenciação genómica das variantes em circulação – medida que tem como propósito contribuir para o conhecimento científico e a adequada avaliação da situação epidemiológica – e têm de apresentar, no momento do embarque, um teste negativo (PCR ou TRAg), realizado no máximo até 48 horas antes do início do voo. A maioria dos Estados-membros da União Europeia adotou medidas similares, seguindo a recomendação do Mecanismo Integrado de Resposta Política a Situações de Crise.
Em declarações à Lusa, no passado dia 7, sábado, o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considerou que “estas medidas serão suficientes, mas isso tem de ser avaliado à medida que vão sendo conhecidos os resultados das análises que estão a ser feitas [no Instituto Ricardo Jorge]”. O que se pretende, acrescentou, “não é criar alarmismo”, mas sim recolher informação que “permita com toda a segurança guiar os passos que vêm a seguir”. “Infelizmente, não podemos ter total confiança na informação que nos é dada pelas autoridades chinesas, que manifestamente desvalorizam uma parte dessa informação”, lamentou.
Em resposta à VISÃO, o Ministério da Saúde sublinhou que, “de acordo com a avaliação de risco do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), de 22 de dezembro de 2022, não é de prever que o aumento do número de casos de COVID-19 na China tenha impacto na situação epidemiológica da União Europeia (UE), considerando a cobertura vacinal da população, o conhecimento e preparação dos sistemas de saúde”.
De qualquer maneira, as autoridades de saúde recomendam alguns comportamentos de prevenção e “a adoção de medidas de proteção individual, nomeadamente de etiqueta respiratória, lavagem frequente das mãos, ventilação de espaços e medidas adicionais de proteção em contextos de maior risco de exposição, através do distanciamento e da eventual utilização de máscaras”. Terminam ainda com um apelo “a todas as pessoas elegíveis para que façam a vacinação ou dose de reforço contra a COVID-19, medida mais importante de proteção individual e populacional perante esta e outras ameaças futuras relativamente ao vírus SARS-CoV-2”.