Uma proteína recentemente encontrada melhora o processo de fertilidade, ao ajudar o esperma a fundir-se com o óvulo. É esta a mais recente descoberta que faz parte de um estudo liderado por investigadores da Universidade de Sheffield, no Reino Unido. Chama-se Maia, em homenagem à deusa grega da maternidade, e é essencial para entender alguns aspetos menos conhecidos sobre a fertilização humana e para desenvolver novos tratamentos, de acordo com os cientistas.
No entanto, a proteína Maia não está sozinha nesta missão. Tem, do seu lado, duas outras proteínas, a Juno e a Izumo, descobertas em 2014 por investigadores do Instituto Wellcome Trust Sanger, Reino Unido. Estas duas proteínas são fundamentais para que os gâmetas masculinos e femininos se conheçam, já que a Juno está presente na superfície do óvulo e a Izumo na superfície do espermatozoide.
Nos resultados do estudo mais recente, publicado na revista Science Advances, junta-se a proteína Maia, a terceira envolvida no processo de fecundação. “A identificação da proteína Maia não só nos permitirá compreender os mecanismo da fertilidade humana, como poderá abrir portas para novas formas de tratamento de infertilidade e revolucionar o desenvolvimento de futuros contracetivos”, afirma Harry Moore, líder da investigação.
Ao longo da investigação, a equipa desenvolveu óvulos artificiais com diferentes pedaços de proteína na superfície, com o objetivo de os espermatozoides fazerem a ligação com os óvulos. Depois de várias rondas, nas quais se eliminaram os espermatozoides que não se fundiram com os óvulos, sobrando apenas a proteína Maia, proteína à qual todos aderiram, os cientistas prosseguiram a investigação ao inserir o gene correspondente à proteína em células humanas artificiais que não eram óvulos. A novidade é que quando essas células foram expostas, o esperma a fundiu-se com o óvulo da mesma forma que a fertilização natural.
Os resultados evidenciam que a proteína Maia é responsável por atrair espermatozoides ao óvulo para fertilização, o que ajuda a explicar todo este processo. “A infertilidade é inexplicável em mais da metade das pessoas que lutam para conceber naturalmente. O que sabemos sobre fertilidade em humanos tem sido severamente limitado por preocupações éticas e pela falta de óvulos para pesquisa”, confessa o investigador, ao congratular-se pela descoberta desta proteína.
“A engenhosa técnica de fertilização artificial que nos permitiu identificar a proteína Maia não só permitirá aos cientistas entender melhor os mecanismos da fertilidade humana, mas também abrirá caminho para novas formas de tratar a infertilidade e revolucionar o design de futuros contracetivos”, explica Harry Moore.
O resultado da investigação pode ainda ajudar a confirmar a teoria de que alguns espermatozoides podem não ser compatíveis com alguns óvulos.